Um dos romances bastantes brasileiros em que
Alencar dá expansão ao seu gênero de pincelador retratando com belas e
radiantes cores a paisagem do sertão um destemido vaqueiro a serviço
capitão-mor Arnaldo Campelo que enfrenta os mais sérios riscos na
esperança de constar a simpatia da filha do fazendeiro. Arnaldo tem
destaque nas cavalhadas a maneira medieval de Ivone famosas liças.
Marcos Fragoso se faz seu único rival. Afinal Dona Flor é prometida a
Leandro Barbilho. No instante casamento, surge os inimigos de Campelo.
Encerra o tiroteio, morre Leandro Barbalho, Dona Flor lamente enquanto
Arnaldo tenta consolá-la. O trecho selecionado permitirá a análise do
relacionamento exixtente entre Arnaldo e D. Flôr. Possibilitando-nos a
comparação com o trecho de Inocência. "Já tinham soado no sino da capela
as últimas badaladas do toque de recolher. Por toda a fazenda da
Oiticica , sujeita a um certo regime militar, apagavam-se os fogos e
cessava o burburinho da labutação quotidiana. Só nas noites de festa
dispensava o capitão-mor essa rigorosa disciplina, e dava licença oara
is sanbasm que então por desforra atravessavam de sol a sol. Era uma
noite de escuro; mas como o são as noites do sertão, recamadas de
estrelas rutilantes, cujas centelhas se cruzam e urdem como a finíssima
teia de uma lhama acetinada. A casa principal acabava de fechar-se e das
portas e janelas apenas escapavam-se pelos interstícios uma réstias de
luz, que iam a pouco extinguindo-se . Nesse momento um vulto oscilou na
sombra, e coseu-se à parece que olhava para o nascente. Era Arnaldo.
Resvalando ao longo do outão, chegara à janela do camarim de D. Flôr, e
uma força irresistível o deteve ali. No gradil das rótulas recendia um
breve perfume, como se por ali tivesse coado a brisa carregada das
exalações da baunilha. Arnaldo adivinhou que a donzela antes de
recolher-se, viera respirar a frescura da noite e encostara a gentil
cabeça na gelosia , onde ficara a fraguância de seus cabelos e de sua
cútis acetinada. Então o sertanejo, que não se animaria nunca a tocar
esses cabelos e essa cútis, beijou as grades para colher aquela emanação
de D. Flôr, e não trocaria decerto a delícia daquela adoração pelas
voluptuosas carícias da mulher mais formosa. Aplicando o ouvido percebeu
o sertanejo no interior do aposento um frolico de roupas, acompanhado
pelo rumor de um passo breve e sutil. D. Flôr volvia pelo aposento.
Naturalmente ocupada nos vários aprestos do repouso da noite. Um doce
sussuro,como da abelha ao seio do rosal, advertiu a Arnaldo que a
donzela rezava antes de deitar-se e involuntariamente também ajoelhou-se
para rogar a Deus por ela. Mas acabvou suplicando a flôr perdão para a
sua ternura. Terminada a prece a donzela aproximou-se do leito. O
amarrotar das cambraias a atulharem-se indicou ao sertanejo que Flor
despia as suas vestes e ia trocá-las pela roupa de dormir. Atraves das
abas da janela, que lhe escondiam o aposento, enxergou com os olhos
d'álma a donzela, naquele instante em que os castos véus a abandonavam;
porém seu puro o céu azul ao deslize de uma nuvem branca de jaspe
surgisse uma estrela. A trepidação da luz cega; e tece um véu
cintilante, porém mais espesso do que a seda e o linho. Cessaram de todo
os rumores do aposento, sinal de que D.Flôr se havia deitado/ Ouvindo
um respiro brando e sutil como de um passarinho, conheceu Arnaldo que a
donzela dormia o sono plácido e feliz. Só então afastou-se para acudir
ao emprazamento que recebera"
Resumos / Material
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