O personagem título é Mayer "Capitão
Birobidjan" Guiznburg, um judeu que chegou ainda menino da Rússia. Mayer
era marxista e sonhava fundar uma nova Birobidjan (Birobidjan era o
nome de uma colônia coletiva de judeus na Rússia), uma utopia
socialista. Jovem, era muito rebelde, e deu muitos desgostos ao pai que
lhe queria ver rabino. Tinha outros amigos marxistas, incluindo a jovem
Léia com quem se casa. Após algum tempo abandona tudo e vai viver na
propriedade de um desses amigos, que, como todos a essas alturas, já
havia abandonado suas convicções. Em Nova Birobidjan, como ele batiza
sua terra, passa a viver para o trabalho acompanhado pelo Companheiro
Porco, Companheira Cabra e Companheira Galinha, a última a qual ele não
gostava por ser improdutiva, lia Rosa Luxemburgo e dava discursos a
homenzinhos que só ele via. Depois de algum tempo aparecem inimigos,
quatro vagabundos a quem ataca após ser atacado, e cuja amante coletiva
passa a se tornar a segunda cidadã. Mais tarde ela sai de Nova
Birobidjan e Mayer volta para casa. Ele se reforma, após algum tempo até
mesmo abandona o ateísmo, e passa a trabalhar duro. Troca de ramo para a
construção e enriquece, mas complica-se ao se tornar amante da
secretária e acaba se divorciando após abandoná-la. Sua companhia fale e
ele acaba numa pensão (localizada no terreno de Maykir, sua antiga
empresa, que por sua vez se localizava no terreno da Nova Birobidjan),
onde tenta reiniciar Nova Birobidjan, mas acaba falhando. Acuado,
abandonado, triste, muito ligado a religião e quase sem esperança (os
homenzinhos para quem discursava agora já eram só três), o Capitão
Birobidjan tem um ataque do coração ao ensaiar uma resistência, mas como
descobrimos no começo do livro, ele sobrevive. A história, no entanto,
acaba aqui. Contado em terceira pessoa, cada capítulo deste livro nos
remete a um ano ou conjunto de anos. O primeiro e último é 1970, mas
recua-se logo apara 1928, 1916, 1929, 1930... até voltar-se para 1970,
contando sempre com o humor irônico e amargo de Scliar, a saga do
Capitão Birobidjan, um louco humanista, Don Quixote do bairro do Bonfim
de Porto Alegre, tentando construir uma sociedade melhor e coletivista,
apesar de tudo e de todos que se opõe a ele, ridicularizado por todos
aqueles a quem chama Companheiro, ele é um exército de um homem só
lutando por um mundo mais justo que no final não vale a pena.
Resumos / Material
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