Escrita em 1933 e publicada em 1937, em tres
atos, O Rei da Vela constitui- se no texto teatral mais importante de
Oswald de Andrade. A Peça demorou trinta anos para ser apresentada em
São Paulo, pelo Grupo Oficina, sob a direção de José Celso Martinez
Correa; a encenação marcou época na história do teatro brasileiro. As
protagonistas Abelardo I e Heloisa, da tradição medieval. Abelardo I é
um representante da burguesia ascendente da época. Seu oportunismo,
aliado à crise da Bolsa de Valores de Nova Iorque, de 1929, permite- lhe
todo tipo de especulação:'com o café , com a indústria etc. Sua
caracterização como o "Rei da Vela"é extremamente irônica e
significativa: ele fabrica e vende velas, pois "As empresas elétricas da
luz". Também é costume popular colocar uma vela na mão de cada defundo,
assim Abelardo I "herda um tostão de cada morto nacional". Abelardo
torna - se então o símbolo da exploração, à custa da pobreza e das
superstições populares. Como personagem, ele também denuncia a invasão
do capital estrangeiro; daí a irônica consideração sobre "a chave
milagrosa da fortuna, uma chave vale" . Seus devedores se apresentam ,
na peça , dentro de uma jaula. Heloísa representa a ruína da classe
fazendeira. Seu pai , coronel latifundiário, vai à falência, num retrato
em que predomina a perversão e o vício, símbolos de uma classe social
em decadência. A aliança de Abelardo e Heloísa pode assim, representar a
fusão de duas classes sociais corruptas pelo sistema capitalista. Uma
terceira personagem vem a completar o quadro social do Brasil da época:
Mr Jones, que simboliza o capital americano; sua presença revela um país
endividado: "Os ingleses e americanos temem por nós. Estamos ligados ao
destino deles. Devemos tudo o que temos e o que não temos.
Resumos / Material
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