Provavelmente uma reação ao
Jeca-Tatu de Monteiro Lobato, como aponta Paulo Rónai, é um poemeto
sertanista de comunicabilidade fácil e vigorosa, o que justifica sua
popularidade de permanência (?). Publicado em 1917, conheceu até hoje
numerosas edições. O entrecho resume-se no seguinte: Juca Mulato era o
caboclo feliz até o dia em que deitou o olhar na filha da patroa. Imerso
agora num irreprimível sofrimento, procura num curandeiro o lenitivo.
Em vão. Acreditando que só na fuga encontraria o esquecimento, abraça-se
à terra em despedida , e ouve da alma das coisas uma imprecação contra
seu gesto extremista. Apaziguado, recobra o alento e volta ao mundo a
que realmente pertence. Aqui o final do poemeto: E mulato parou Do alto
daquela serra, Cismando , o seu olhar era vago e tristonho: "Se minha
alma surgiu para a glória do sonho, o meu braço nasceu para a faina da
terra." Reviu o cafezal, as plantas alinhadas, Todo o heróico labor que
se agita na empreita, Palpitou na esperança imensa das floradas,
Pressentiu a fartura enorme da colheita... Consolou-se depois:" O Senhor
jamais erra... Vai! Esquece a emoção que na alma tumultua, Juca Mulato!
Volta outra vez para a terra, Procura o teu amor numa alma irmã da tua,
Esquece calmo e forte. O destino que impera Um recíproco amor às almas
todas deu. Em vez de desejar o olhar , que te espreita e te espera, Que
há por certo um olhar que espera pelo teu... O "Juca Mulato"- "gênio
triste da nossa raça", como foi apelidado na época , constituiu-se numa
unanimidade nacional. Identíficava-se na obra "conformidade com o meio,
perfeita radicação no solo pátrio", dentro do propósito de que "a arte
brasileira, isto é , girar na ambiência física e moral da nossa terra e
do nosso povo", conforme anotou Tristão de Ataíde, referindo-se ao
poemeto. No seu discurso da 2ª noite da Semana de 1922, Menotti clamava
por "uma arte genuinamente brasileira". E acrescentava: "Hoje que , em
Rio Preto, o "cow-boy" nacional reproduz , no seu cavalo chita, e
epopéia eqüestre dos Rolandos furibundos; que o industrial de visão
aquilina amontoa milhões mais vistosos que os de Creso; que Edu Chaves
reproduz com audácia paulista o sonho de Ícaro, porque não atualizarmos
nossa arte", cantando essas Ilíadas brasileiras?"
Resumos / Material
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