O Jardim do Éden - Sofia era
uma menina de quase quinze anos que morava com sua mãe pois o trabalho
de seu pai o deixava ausente boa parte do tempo. Certo dia, quando vinha
da escola, encontrou dois pequenos envelopes brancos, não
simultaneamente. Em cada um havia uma indagação e elas levaram Sofia a
refletir sobre a vida e a origem do mundo. Também recebeu um
cartão-postal que deveria ser entregue a uma pessoa que ela nem conhecia
e cujo nome era Hilde. Sofia recorreu a um esconderijo no jardim de sua
casa para pensar e refletir sobre as perguntas. Para ela, ele
representava um mundo à parte, um paraíso particular, como o jardim do
Éden mencionado na Bíblia. A Cartola - Neste capítulo,
Sofia recebe um grande envelope amarelo com a inscrição: Curso de
filosofia. Maneje com cuidado e vai lê-lo no esconderijo. O seu conteúdo
diz que as pessoas têm preferências por diversos tipos de assuntos:
umas gostam de esporte, outras curtem observar os astros. Porém existem
questões que deveriam interessar a todos como, por exemplo, saber quem
somos e de onde viemos. Essas e muitas outras têm sido pensadas e
discutidas há muito tempo e as explanações para elas variam de acordo
com o contexto histórico. Os filósofos buscam verdades e por mais
difícil que seja encontrá-las nunca se deve desistir ou pensar que não
existam. Hoje em dia também devemos procurar nossas respostas e é
importante conhecermos o que foi dito em outras épocas para que possamos
formar uma opinião própria. O professor de filosofia também faz
referência a um truque mágico onde um coelhinho branco é tirado de uma
cartola preta. Assim, ele quer passar para Sofia a idéia de que também
fazemos parte de um grande mistério e nos comparar ao coelho com a
diferença de que, ao contrário deste, temos consciência de estarmos
participando de um enigma e procuramos explicações para isso. No mesmo
dia, Sofia recebe um outro envelope amarelo. Primeiramente, o professor
faz uma citação: "a única coisa de que precisamos para nos tornarmos
bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as coisas". Depois
diz que os bebês possuem esta capacidade mas, à medida que crescem, vão
perdendo-a. Deste modo, compara um filósofo a uma criança: tanto um
quanto o outro ainda não se acostumaram com o mundo e não pretendem se
acomodar com as coisas. Os mitos - Mais um dia e
continua o curso. Agora Sofia lerá sobre a visão mitológica do mundo. A
filosofia surgiu por volta de 600 a.C. na Grécia. Antes dela, as
explanações para as coisas eram resultantes dos mitos que são histórias
de deuses. Os mitos surgiram da necessidade do homem justificar
fenômenos como o crescimento das plantas, as chuvas, os trovões, etc.
Tudo que ocorria aqui na Terra estava intimamente ligado ao que
acontecia no mundo dos deuses. Dessa maneira, secas, epidemias e outras
coisas ruins eram reflexo de que as forças do mal triunfavam sobre as do
bem e o inverso ocorria quando havia fartura e riqueza. Por volta de
700 a.C. Homero e Hesíodo registraram por escrito boa parte da mitologia
grega. Isso foi importante, pois agora era possível questioná-la.
Xenófanes foi um filósofo crítico em relação aos mitos pelo fato de seus
representantes terem sido criados à imagem e semelhança das pessoas.
Nessa mesma época começaram a surgir as cidades-Estados na Grécia e em
outras regiões e como o sistema era escravista, os homens livres podiam
participar mais dos eventos políticos, culturais, etc. Com isto, houve
uma evolução no modo de pensar e às explicações pelos mitos seguiram-se
"explicações naturais para os processos da natureza". Os
filósofos da natureza - A denominação "filósofos da natureza" é
dada aos primeiros pensadores gregos por estes se interessarem pelos
processos naturais. Eles partiram do pressuposto de que sempre existiu
alguma coisa e, vendo as transformações que ocorriam no meio ambiente,
indagavam-se como aquilo era possível. Então, acreditavam que havia uma
substância básica que subjazia a todas essas transformações. Esses
filósofos também tentaram descobrir leis eternas a partir da observação
dos fatos, desconsiderando as explanações mitológicas. Assim, a
filosofia se libertava da religião e os primeiros indícios de uma forma
científica de pensar começavam a aparecer. Falaremos de alguns
pensadores desta época. Comecemos por Tales, Anaximandro e Anaxímenes,
três filósofos de Mileto. Tales achava que a água era um elemento de
fundamental importância. Dela tudo se originava e a ela tudo retornava.
Anaximandro não pensou como Tales. A seu ver, a Terra era um entre
vários mundos surgidos de alguma coisa, sendo que tudo se dissolveria
nessa "alguma coisa" que ele denominava de infinito. Anaxímenes (c.
550-526 a.C.) cria que o ar era a substância básica de todas as coisas. A
água seria a condensação do ar e o fogo, o ar rarefeito. Pensava ainda
que se comprimisse mais ainda a água, esta se tornaria terra. Nada pode
surgir do nada Para Parmênides, nada podia vir do nada e nada que
existisse poderia se transformar em outra coisa. Era extremamente
racionalista e não confiava nos sentidos. Não acreditava nem quando via,
embora soubesse que a natureza se transformava. Tudo flui Heráclito
pensou que a principal característica da natureza eram suas constantes
transformações. Ele confiava nos sentidos. Sobre ele, podemos falar
ainda que acreditava que o mundo estava impregnado de constantes
opostos: guerra e paz, saúde e doença, bem mal e que reconhecia haver
uma espécie de razão universal dirigente de todos os fenômenos naturais.
Quatro elementos básicos Para acabar com o impasse a que a filosofia se
encontrava, Empédocles (c. 494-434 a.C.) fez uma síntese do modo de
pensar de Heráclito e Parmênides e com isso chegou a uma evolução do
pensamento. Empédocles acreditava na existência de mais de uma
substância primordial. Para ser mais exato, havia quatro elementos
básicos: terra, ar fogo e água e tudo existente era produto da junção
disso, em proporções diferentes. Achava também que o amor e a disputa
eram duas forças que atuavam na natureza. O amor une e a disputa separa
as coisas. Um pouco de tudo em tudo Anaxágoras (c.500-428 a.C.)
declarava que as coisas eram constituídas por pequenas partículas
invisíveis a olho nu. Estas podiam se dividir, mas mesmo na pequena
parte existia o todo. Ele denominava estas partes minúsculas de sementes
ou gérmens. Também imaginou uma força superior, a inteligência,
responsável pela criação das coisas. Anaxágoras foi o primeiro filósofo
de Atenas, mas foi expulso da cidade acusado de ateísmo. Interessava-se
por astronomia, explicou que a Lua não possuía luz própria e como
surgiram os eclipses. Demócrito - Demócrito (c. 460-370
a.C.) foi o último filósofo da natureza. Ele imaginou a constituição
das coisas por partículas indivisíveis, minúsculas, eternas e imutáveis e
as chamou de átomos. Estes, a seu ver, possuíam vários formatos, se
diferenciavam entre si e podiam ser reaproveitados. Por exemplo, quando
um animal morresse seus átomos participariam da constituição de outros
corpos. Era justamente por isso que o Lego era o brinquedo mais genial
do mundo. Ele podia ser utilizado para a construção de vários objetos,
ficando a cargo da imaginação das pessoas. Era resistente e "eterno",
pois em qualquer época, crianças se interessavam por este tipo de
entertenimento. Com os conhecimentos atuais, sabe-se que Demócrito
estava certo em grande parte de sua teoria, mas errou ao falar que os
átomos são indivisíveis. Demócrito foi um filósofo que valorizou a razão
e as coisas materiais. Não acreditava em forças que intervissem nos
processos naturais. Achava também que sua teoria atômica explicava
nossas percepções sensoriais e que a consciência e a alma também se
constituíam de átomos. Ele não cria numa alma imortal. O Destino
- Uma das características dos antigos gregos era o fato de eles serem
fatalistas, isto é, acreditar que tudo que vai acontecer já está
pré-destinado. Para eles, as doenças eram vistas como um castigo de
Deus. Achavam também que os deuses podiam curar as pessoas, bastando
para isso que lhes fosse feito o sacrifício apropriado. Sócrates
- Sofia recebeu a carta do seu professor de filosofia que pedia
desculpas por recusar o convite de ir até a sua casa conhecê-la
pessoalmente. Nela estava seu nome: Alberto Knox. No entanto, ele a
presenteou com uma echarpe de seda. Quando olhou o verso da carta, viu
algumas perguntas e passou algum tempo refletindo sobre elas. Ela estava
em seu esconderijo. Num dado instante, percebeu que alguém vinha da
floresta. Passados alguns instantes, entrou em seu local secreto um
grande cão labrador com um envelope amarelo na boca. Então, ela
descobriu que ele o mensageiro de seu professor. A nova carta falava da
filosofia em Atenas e de Sócrates. Sócrates Na cidade de Atenas
primeiramente surgiram os sofistas - homens que criaram uma crítica
social . Eles discutiam sobre o que era natural e o que não era, ou
seja, o que era criado pela sociedade. Sócrates foi contemporâneo dos
sofistas. Ele também se ocupava das pessoas e de suas vidas, levando-as a
refletirem por si mesmas sobre coisas como os costumes, o bem e o mal.
Mas ele diferia dos sofistas por não se considerar um sábio, não cobrava
por seus ensinamentos e tinha a convicção de que nada sabia. Reconhecia
que havia muita coisa além do que podia entender e vivia atormentado em
busca do conhecimento. Sócrates ousou mostrar as pessoas que elas
sabiam muito pouco. Para ele o importante era encontrar um alicerce
seguro para os conhecimentos. Ele era um racionalista convicto. Em 399
a.C. foi acusado de corromper a juventude e de não reconhecer a
existência dos deuses. Foi julgado, considerado culpado e condenado à
morte. Atenas - Sofia encontrou mais um dos envelopes
amarelos e desta vez veio uma fita de vídeo. Ela correu para sua casa e
ao colocá-la no aparelho apareceram imagens de uma grande cidade que ela
supôs ser Atenas. Pouco tempo depois, um homem apresentou-se no filme e
começou a falar da capital grega. Era seu professor. Ele falou a Sofia
sobre a Acrópole e seu significado, sobre os templos e a época áurea de
Atenas. Mostrou-lhe monumentos, o antigo teatro de Dioniso onde se
realizavam as comédias e tragédias gregas, o Areópago, as ruínas da
antiga praça do mercado onde numa época bastante remota concentrava
tribunais, edifícios públicos, comércio, ginásio de esportes, etc.
Porém, ele achava que isso não era o bastante para Sofia e então, como
num passe de mágica, toda a Atenas se reconstruiu. Todos aqueles
edifícios e templos apareceram novos, intactos. Várias pessoas trajadas
de modo diferente andavam pelas ruas. Nesse momento, seu professor
surgiu novamente para a câmera e apresentou Sofia a Sócrates e Platão.
Este, fez-lhe algumas perguntas par que ela refletisse depois e, de
repente, o filme acabou. Platão - Platão (427-347 a.C.)
foi discípulo de Sócrates e o acompanhou em sua condenação. Publicou um
discurso em defesa de seu mestre onde revelava o que ele havia dito ao
júri. Além disso, escreveu uma coletânia de cartas e mais de trinta
diálogos filosóficos e fundou sua própria escola de filosofia, que
recebeu o nome de Academia, porque se localizava num bosque denominado
Academos, herói legendário grego. O projeto filosófico de Platão é
baseado no seu interesse pelo que é eterno e imutável tanto no que se
refere à natureza, quanto à moral e à sociedade. Platão acreditava numa
realidade autônoma por trás do mundo dos sentidos a qual denominou de
mundo das idéias que, a seu ver, continha as coisas primordiais e
imagens padrão referentes a tudo existente. Para ele, todas as coisas
que existiam eram efêmeras como uma bolha de sabão e, deste modo, nada
podia ser verdadeiramente conhecido. O que se percebe e o que se sente
nos dá opiniões incertas e só é possível possuir conhecimento seguro
sobre algo através da razão. Platão acreditava na dualidade humana: o
homem possui um corpo (que flui) e uma alma imortal (a morada da razão).
Ele também achava que a alma já existia antes de vir habitar nosso
corpo (ela ficava no mundo das idéias) e que quando passava a habitá-lo,
esquecia-se das idéias perfeitas. Também pensava que a alma desejava se
libertar do homem e isso propiciava um anseio, uma saudade, que chamou
de Eros (amor). Platão dividiu o corpo humano em três partes: cabeça
(razão), peito(vontade) e baixo-ventre (desejo ou prazer) e achava que
quando elas agiam como um todo tinha-se o homem íntegro, que atingiu a
temperança. Imaginava um Estado-modelo dirigido por filosófos e o
constituía como o ser humano onde a cabeça seria os governantes; o peito
(defesa), os sentinelas; e o baixo-ventre, os trabalhadores. Era
extremamente racionalista e cria que tanto homens quanto mulheres
possuíam capacidade de governar, desde que estas tivessem a mesma
formação daqueles. A Cabana do Major - Depois de ler
sobre Platão, Sofia permaneceu em seu esconderijo refletindo sobre as
idéias deste filósofo. Era um dia de Domingo e ainda estava bastante
cedo. Então, ela resolveu ir floresta adentro a fim de encontrar seu
professor de filosofia, cujo nome era Alberto Knox. Sofia seguiu a
trilha que cortava a floresta e, pouco tempo depois, viu um lago e do
outro lado, uma cabana. Ela o atravessou usando um barco a remo. Quando
chegou à casa, bateu na porta e, como ninguém respondeu, resolveu
entrar. Sofia entrou numa sala grande e concluiu que alguém morava ali,
pois havia resquícios de fumaça num velho fogão à lenha. Viu uma máquina
de escrever, alguns livros, dois quadros na parede (Berkeley e
Bjerkely) e um grande espelho com moldura de latão entre outras coisas.
Encontrou também uma tigela com restos de comida o que significava que
quem ali residia possuía um animal. Quando foi ao quarto viu dois
cobertores e sobre eles pêlos amarelos. Então, deduziu que na cabana
moravam Alberto e seu cachorro Hermes. Quando voltou à sala, Sofia foi
olhar o espelho e viu que sua imagem piscava os olhos para ela. Ela se
assustou com aquilo. Também ouviu latidos distantes que significava que
seu professor já estava a caminho de casa. Antes de sair, Sofia viu uma
carteira sobre a cômoda que ficava abaixo do espelho. Ela a abriu e viu,
dentre outras coisas, uma carteira de estudante de Hilde Knag. Sofia se
assombrou. Quando ia saindo, viu um envelope com seu nome sobre a mesa
e, involuntariamente, o pegou e correu. Porém, um problema lhe esperava:
o barco estava no meio do lago. Então, para retornar à sua casa, ela
teve que dar a volta pela floresta. No caminho, abriu o envelope que
pegara, leu o seu conteúdo e achou que tinha alguma coisa a ver com o
próximo filósofo, Aristóteles. Ao chegar à casa eram quase onze horas da
manhã. Encontrou sua mãe preocupada e lhe explicou que tinha ido dar
uma volta na floresta, falou da cabana, o barco e o estranho espelho.
Sua mãe então lhe disse que o lugar onde ela havia ido era conhecido
pelo nome de "cabana do major" porque há muitos anos tinha vivido lá um
velho major. Depois disso, Sofia foi para o seu quarto e lá pensou sobre
tudo que tinha passado. Ficou receosa por haver entrado na casa de seu
professor e então resolveu escrever-lhe uma carta pedindo desculpas. Aristóteles
- Aristóteles (384-322 a.C.) foi aluno da Academia de Platão.
Era natural da Macedônia e filho de um médico famoso. Seu projeto
filosófico está no interesse da natureza viva. Ele foi o último grande
filósofo grego e também o primeiro grande biólogo da Europa.
Utilizava-se da razão e também dos sentidos em seus estudos. Criou uma
linguagem técnica usada ainda hoje pela ciência e formulou sua própria
filosofia natural. Aristóteles discordava em alguns pontos de Platão.
Não acreditava que existisse um mundo das idéias abrangedor de tudo
existente; achava que a realidade está no que percebemos e sentimos com
os sentidos, que todas as nossas idéias e pensamentos tinham entrado em
nossa consciência através do que víamos e ouvíamos e que o homem possuía
uma razão inata, mas não idéias inatas. Para Atistóteles, tudo na
natureza possuía a probabilidade de se concretizar numa realidade que
lhe fosse inerente. Assim, uma pedra de granito poderia se transformar
numa estátua desde que um escultor se dispusesse a escupi-la. Da mesma
forma, de um ovo de galinha jamais poderia nascer um ganso, pois essa
característica não lhe é inerente. Aristóteles acreditava que na
natureza havia uma relação de causa e efeito e também acreditava na
causa da finalidade. Deste modo, não queria saber apenas o porquê das
coisas, mas também a intenção, o propósito e a finalidade que estavam
por trás delas. Para ele, quando reconhecemos as coisas, as ordenamos em
diferentes grupos ou categorias e tudo na natureza pertence a grupos e
subgrupos. Ele foi um organizador e um homem extremamente meticuloso.
Também fundou a ciência da lógica. Aristóteles dividia as coisas em
inanimadas (precisavam de agentes externos para se transformar) e
criaturas vivas (possuem dentro de si a potencialidade de
transformação). Achava que o homem estava acima de plantas e animais
porque, além de crescer e de se alimentar, de possuir sentimentos e
capacidade de locomoção, tinha a razão. Também acreditava numa força
impulsora ou Deus (a causa primordial de todas as coisas). Sobre a
ética, Aristóteles pregava a moderação para que se pudesse ter uma vida
equilibrada e harmônica. Achava que a felicidade real era a integração
de três fatores: prazer, ser cidadão livre e responsável e viver como
pesquisador e filósofo. Cria também que devemos ser corajosos e
generosos, sem aumentar ou diminuir a dosagem desses dois itens.
Aristóteles chamava o homem de ser político. Citava formas de governo
consideradas boas como a monarquia, a aristocracia e a democracia.
Acreditava que sem a sociedade ao nosso redor não éramos pessoas no
verdadeiro sentido do termo. Para ele, a mulher era "um homem
incompleto". Pensava que todas as características da criança já estavam
presentes no sêmen do pai. Sendo assim, o homem daria a forma e a
mulher, a substância. Essa visão distorcida predominou durante toda a
Idade Média. O Helenismo - O final do séc. IV a.C. até
por volta de 400 d.C. marcou um longo período que é conhecido por
helenismo, ou seja, a predominância da cultura grega nos três grandes
reinos helênicos: Macedônia, Síria e Egito. Alexandre foi uma figura
importante nesta época, pois ele conseguiu a derradeira e decisiva
vitória sobre os persas e também uniu o Egito e todo o Oriente, até a
Índia, à civilização grega. A partir de 50 a.C. Roma, que tinha sido
província da cultura grega, assumiu o predomínio militar e começou o
período romano também conhecido como final da Antigüidade. O helenismo
foi marcado pelo rompimento de fronteiras entre países e culturas.
Quanto à religião houve uma espécie de sincretismo; na ciência, a
mistura de diferentes experiências culturais; e a filosofia dos
pré-socráticos e de Sócrates, Platão e Aristóteles serviu como fonte de
inspiração para diferentes correntes filosóficas as quais veremos
algumas agora. Os Cínicos A filosofia cínica foi fundada em Atenas por
Antístenes (discípulo de Sócrates) por volta de 400 a.C. Os cínicos
diziam que a felicidade podia ser alcançada por todos, pois ela não
consistia em luxúria, poder político ou boa saúde e sim em se libertar
disto tudo. Achavam que as pessoas não deviam se preocupar com o
sofrimento (próprio ou alheio) nem com a morte. O principal
representante desta corrente filosófica foi Diógenes (discípulo de
Antístenes). Os Estóicos A filosofia estóica surgiu em Atenas por volta
de 300 a.C. e seu fundador foi Zenão, originário da ilha de Chipre. Os
estóicos consideravam as pessoas como parte de uma mesma razão universal
e isto levou à idéia de um direito universalmente válido, inclusive
para os escravos. Eram monistas (negavam a oposição entre espírito e
matéria) e cosmopolitas. Interessavam-se pela convivência em sociedade,
por política e acreditavam que os processos naturais (morte, por
exemplo) eram regidos pelas leis da natureza e por isso o homem deveria
aceitar deu destino. O imperador romano Marco Aurélio (121-180), o
filósofo e político Cícero (106-43 a.C.) e Sêneca (4 a.C.-65 d.C.) foram
alguns que seguiram o estoicismo. Os Epicureus Aristipo foi aluno de
Sócrates. Ele desenvolveu uma filosofia cujo objetivo era obter para a
vida, através dos sentidos, o máximo possível de satisfação afastando
toda e qualquer forma de sofrimento. Por volta de 300 a.C. Epicuro
(341-270 a.C.) fundou em Atenas a escola dos epicureus que desenvolveu
mais ainda a ética do prazer de Aristipo e a combinou com a teoria
atômica de Demócrito. Epicuro ensinava que o resultado prazeroso de uma
ação devia ser ponderado, por causa dos efeitos colaterais. Achava
também que o prazer a longo prazo possibilitava mais satisfação ao
homem. Ele se utilizava da teoria de Demócrito contra a religião e
superstição. Os epicureus quase não se interessavam pela política e
sociedade e sua palavra de ordem era "Viver o momento". O Neoplatonismo O
neoplatonismo foi a mais importante corrente filosófica da Antigüidade.
Ela foi inspirada em Platão. O neoplatônico mais importante foi lotino
(c. 205-270). Ele via o mundo como algo dividido entre dois pólos: numa
extremidade estava a luz divina, Uno ou Deus. Na outra reinavam as
trevas absolutas. A seu ver, a luz do Uno iluminava a alma, ao passo que
a matéria eram as trevas. O neoplatonismo exerceu forte influência
sobre a teologia cristã. O Misticismo Uma experiência mística significa
experimentar a sensação de fundir sua alma com Deus. É que o "eu" que
conhecemos não é nosso "eu" verdadeiro e os místicos procuravam conhecer
um "eu" maior que pode possuir várias denominações: Deus, espírito
cósmico, universo, etc. No entanto, para chegar a esse estado de
plenitude, é preciso passar por um caminho de purificação e iluminação
através de uma vida simples. Encontra-se tendências místicas nas
maiorias religiões do mundo. Na mística ocidental (judaísmo,
cristianismo e islamismo), o místico diz que seu encontro é com um Deus
pessoal. Na oriental (hinduísmo, budismo e religião chinesa) o que se
afirma é que há uma fusão total com deus, que é o espírito cósmico. É
importante notar que essas correntes místicas já existiam muito antes de
Platão e que pessoas de nossa época têm relatado experiências místicas
como uma forma de experimentar o mundo sob a perspectiva da eternidade. Os
Cartões Postais - Passados alguns dias sem que Sofia nada
recebesse do seu professor de filosofia e como ela estaria livre a
partir da quinta-feira devido a um feriado, aceitou o convite de sua
amiga Jorunn para acampar e escolheu, intencionalmente, um lugar próximo
à cabana do major, pois ela pretendia ir lá novamente. Chegando ao
local, armaram a barraca e depois de organizarem tudo, fizeram um
lanche. Sofia perguntou se Jorunn já tinha ouvido falar da cabana e
convenceu a amiga a ir até lá. Depois de uma caminhada, avistaram o lago
e a casa que parecia estar abandonada. Utilizaram o barco para irem
para o outro lado e, desta vez, Sofia teve todo o cuidado de puxá-lo.
Quando entraram na casa estava muito escuro, mas Sofia tinha trazido
fósforo e acendeu uma vela que lá havia. Então, chamou Jorunn para ver o
espelho e lhe disse que era um espelho mágico. Nesse momento, Jorunn
descobriu alguma coisa no chão da sala. Eram cartões-postais. Todos
vinham do Líbano e estavam endereçados a Hilde Knag. Sofia teve um certo
receio, pois seu nome poderia estar mencionado nos cartões (Jorunn não
sabia sobre o filósofo nem sobre outros cartões que Sofia recebera ) mas
começou a lê-los com a amiga. Eles falavam do aniversário de quinze
anos de Hilde e sobre um misterioso presente que ela receberia. No
entanto, no último cartão estavam mencionados os nomes de Sofia e
Jorunn. Elas ficaram assustadas. Além disso, ainda havia um detalhe: era
dezesseis de maio de mil novecentos e noventa e o cartão indicava a
mesma data. Como aquilo era possível? Sofia disse que tinha algo a ver
com o espelho mágico e Jorunn achou absurdo , mas não havia outra
explicação. Ela ainda mostrou à amiga os dois quadros na parede --
Berkeley e Bjerkely. A vela já estava quase no fim. Jorunn queria ir
embora e Sofia a seguiu mas, antes disso, resolveu levar o espelho
consigo. As duas voltaram para o acampamento caladas. Na manhã seguinte,
após tomarem café, conversaram sobre os cartões-postais e caminharam de
volta para casa. No outro dia, pela manhã, Sofia foi até seu
esconderijo e encontrou outro envelope amarelo. Imediatamente começou a
ler. Dois Círculos Culturais - Os indo-europeus A
denominação indo-europeus é dada a todos os países e culturas nos quais
são faladas as línguas indo-européias . Os indo-europeus primitivos
viveram há mais ou menos quatro mil anos nas proximidades dos mares
Negro e Cáspio. De lá, espalharam-se por diversos lugares: Irã, Índia,
Grécia, Itália, Espanha, Inglaterra, França, Escandinávia, Leste Europeu
e Rússia, formando o círculo cultural indo-europeu. Dentre outras
coisas, pode-se dizer que sua cultura era marcada pelo politeísmo, a
visão era o principal sentido para eles e acreditavam que a história era
cíclica. As duas grandes religiões orientais - hinduísmo e budismo -
são de origem indo-européia. O mesmo vale para a filosofia grega. Nessas
religiões, enfatiza-se a presença de Deus em tudo (panteísmo). Outro
ponto importante é a crença de que o homem pode chegar a uma unidade com
Deus por meio do conhecimento religioso. No Oriente, a passividade e a
vida reclusa são vistas como ideais religiosos e em muitas culturas
indo-européias acredita-se na metempsicose ou transmigração da alma. Os
semitas Os semitas pertencem a um círculo cultural completamente
diferente, com uma língua completamente diferente também. Eles são
originários da península da arábia e também se expandiram para extensas e
diferentes partes do mundo. As três religiões ocidentais - judaísmo, o
cristianismo e o islamismo - têm base semita. De modo geral, o que se
pode dizer dos semitas é que eram monoteístas, possuíam uma visão linear
da história, a audição desempenhava papel preponderante e proibiam a
representação pictórica. Quanto à história, é interessante saber que,
para eles, ela começou com a criação do mundo por Deus e Este tinha o
poder de intervir em seu curso. Em relação às imagens, ainda são
proibidas no judaísmo e no islamismo, mas no cristianismo são permitidas
devido à influência do mundo greco-romano. Israel Agora vamos examinar o
pano de fundo judeu do cristianismo. A história é a seguinte: houve a
criação do mundo e a rebelação do homem contra Deus (Adão e Eva) e a
partir de então, a morte passou a existir na Terra. A desobediência do
homem a Deus atravessa toda a história contada na Bíblia. No Gênesis há a
menção do pacto feito entre Deus e Abraão e seus descendentes que
exigia a obediência rigorosa aos mandamentos de Deus. Esse pacto foi
mais tarde renovado com a entrega das Tábuas da Lei a Moisés no monte
Sinai. Naquela época, os israelitas viviam havia muito tempo como
escravos no Egito, mas foram libertados e levados de volta a Israel onde
se formou dois reinos - Israel (ao Norte) e Judá (ao Sul) - que foram
assolados por guerras, e por todos os séculos que se seguiram até o
nascimento de Jesus Cristo, os judeus continuaram sob dominação
estrangeira. O povo judeu não entendia o motivo de tanta desgraça e
atribuía isso ao castigo de Deus sobre Israel devido à sua
desobediência. Então começaram a surgir profecias sobre o Juízo Final e
também sobre a vinda de um "príncipe da paz" que iria restaurar o antigo
reino de Davi e assegurar ao povo um futuro feliz. Esse messias viria
para restituir a Israel a sua grandeza e fundar um "Reino de Deus".
Jesus No contexto de toda essa efervescência nasceu Jesus Cristo.
Naquela época, o povo imaginava o messias como um líder político,
militar e religioso. Outros, duzentos anos antes do nascimento de Jesus,
diziam que o messias seria o libertador de todo o mundo. Mas Jesus
apareceu com pregações diferentes das que vigoravam e admitia
publicamente não ser um comandante militar ou político. E mais, dizia
que o Reino de Deus era o amor ao próximo e aos inimigos. Ele não
considerava indigno conversar com prostitutas, funcionários corruptos e
inimigos políticos do povo e achava que estes seriam vistos por Deus
como pessoas justas bastando para isso que se voltassem para Ele e Lhe
pedisse perdão. Jesus acreditava que nós mesmos não podíamos nos redimir
de nossos pecados e que nenhuma pessoa era reta aos olhos de Deus. Ele
foi um ser humano extraordinário. Soube usar de forma genial a língua de
seu tempo e deu a conceitos antigos um sentido novo, extremamente
ampliado. Tudo isto acrescentado a sua mensagem radical de redenção dos
homens ameaçava tantos interesses e posições de poder que ele acabou
sendo crucificado. Para o cristianismo, Jesus foi o único homem justo
que viveu e o único que sofreu e morreu por todos os homens. Paulo
Alguns dias depois da crucificação e enterro de Jesus, começaram a
surgir boatos sobre sua ressurreição. Pode-se dizer que a Igreja cristã
começou naquela manhã de Páscoa. Paulo disse: "Pois se Cristo não
ressuscitou, então todo nosso sermão é vão; é vã toda a vossa crença". A
partir de então todas as pessoas podiam ter esperança na "ressurreição
da carne". Os primeiros cristãos começaram a espalhar a "boa-nova" da
redenção pela fé em Cristo. Poucos anos depois da morte de Jesus, o
fariseu Paulo se converteu ao cristianismo e suas viagens missionárias
pelo mundo greco-romano transformaram o cristianismo numa religião
universal. Quando esteve em Atenas, ele fez um discurso do Areópago que
falava do Deus que os atenienses desconheciam e isso provocou um choque
entre a filosofia grega e a doutrina da redenção cristã. Apesar de tudo,
Paulo encontrou nessa cultura um sólido apoio, ao chamar atenção para o
fato de que a busca por Deus estava dentro de todos os homens. Em Atos
dos Apóstolos está escrito que depois de seu discurso, foi vítima de
zombaria por parte de algumas pessoas, quando estas o ouviram dizer que
Cristo havia ressuscitado dos mortos. Mas também houve os que se
interessaram pelo assunto. Depois, Paulo prosseguiu em sua tarefa
missionária e passadas algumas décadas da morte de Cristo já existiam
comunidades cristãs em todas as cidades gregas e romanas mais
importantes. O Credo Paulo não foi importante para o cristianismo apenas
por suas pregações missionárias. Dentro das comunidades cristãs, sua
influência era muito grande pois as pessoas também queriam uma
orientação espiritual. Pelo fato de o cristianismo não ser a única
religião nova daquela época, a Igreja precisava definir claramente a
doutrina cristã, a fim de estabelecer seus limites em relação às demais
religiões e evitar uma cisão interna. Surgiram assim as primeiras
profissões de fé, os primeiros credos que resumiam os princípios ou os
dogmas cristãos mais importantes como o que dizia que Jesus havia sido
Deus e homem ao mesmo tempo e de forma plena e que realmente tinha
padecido na cruz. A Idade Média - Sofia recebeu um
telefonema de Alberto dizendo que de agora em diante não haveria mais
cartas. Ele marcou um encontro para lhe falar sobre a Idade Média. Disse
que o pai de Hilde já estava fechando o cerco e que precisavam batalhar
juntos. Sofia não entendeu nada. Eles se encontraram numa igreja antiga
construída na época medieval. Era de madrugada. Quando Sofia chegou lá
ficou a espera de seu professor. Passados alguns instantes ele entrou
vestido de monge e começou a falar sobre a Idade Média. Dentre outras
coisas disse que na Idade Média se formou uma unidade cultural cristã
sólida. Havia uma contradição entre Deus e razão. Essa problemática foi
tratada por dois importantes filósofos desta época: Santo Agostinho e
Santo Tomás de Aquino. O primeiro dividiu o mundo entre bem e mal,
mesclou sua concepção filosófica com a de Platão e a do cristianismo
("cristianizou Platão"); achava que o mal era a ausência de Deus e que a
"boa vontade era obra de Deus". O segundo foi o filósofo quem
"cristianizou Aristóteles". Atribui-se-lhe o mérito de ter conseguido
fazer uma síntese da fé e do conhecimento. Achava que existiam dois
caminhos para se chegar a Deus: a revelação cristã e a razão e os
sentidos. Acreditava que Deus havia se revelado ao homem através da
Bíblia e da razão. O Renascimento - Na noite seguinte
Sofia teve um sonho com Hilde. Ao acordar, achou uma corrente de ouro
com uma cruz. No seu verso estavam grafadas três letras: HMK, as
iniciais de Hilde. No outro dia, Domingo, Sofia viu Hermes no jardim de
sua casa e foi até ele que a conduziu para um casarão onde encontrou um
cartão destinado a Hilde com a data antecipada. Lá, encontrou também
Alberto. Então ele lhe deu explicações sobre o Renascimento. Entende-se
por Renascimento um período de apogeu cultural que fez nascer de novo a
arte e a cultura da Antigüidade. Neste período, o homem voltou a ocupar o
centro de todas as coisas (antropocentrismo) ao contrário do que
ocorria na Idade Média (teocentrismo). Por isso fala-se do humanismo do
renascimento. A Igreja aos poucos foi perdendo seu poder e monopólio no
que se refere à transmissão do conhecimento. A moda naquela época era
tornar o ser humano algo grandioso e valioso. O humanismo do
renascimento foi muito marcado pelo individualismo. A nova visão do
homem centrava-se no interesse pela anatomia e nas representações dos
nus humanos. O homem, a partir desta concepção, não existia apenas para
servir a Deus, mas a ele próprio. Vale ressaltar que no Renascimento
desenvolveu-se um novo método científico - o princípio vigente era o da
investigação da natureza mediante a observação e a experimentação -
método empírico. O Barroco- Durante alguns dias, Sofia
não teve notícias de Alberto. Numa conversa com sua mãe, disse que
queria uma festa em seu aniversário. Ela continuou recebendo os
cartões-postais mandados pelo pai de Hilde. A cada dia percebia que
estava diante de um enigma. Então, foi novamente ver Alberto. Quando
chegou a sua casa ele lhe disse que queria falar-lhe sobre o séc. XVII,
ou seja, sobre a época conhecida por barroco. A designação barroco tem
sua origem numa palavra que significa "pérola irregular." Na arte do
barroco houve a valorização das formas opulentas, cheias de contrastes.
Em muitos aspectos, o barroco foi marcado pela vaidade e pela
irracionalidade. Do ponto de vista político, o séc. XVII foi uma época
de contrastes: de um lado guerras e de outro o surgimento de potências
na Europa como a França. No aspecto social, a principal característica
foram as diferenças de classes. A arquitetura trazia formas
sobrecarregadas de ornamentos que ocultavam as linhas da estrutura. Um
correlato disso na política seriam os assassinatos, as intrigas e as
conspirações. Dentre os principais representantes desta época
destacam-se: William Shakespeare, o poeta dramático espanhol, Calderón
de la Barca e Ludvig Holdberg (já trazia traços do Iluminismo). Descartes-
René Descartes nasceu em 1596. Ele foi uma pessoa que se dedicou muito a
viagens pela Europa e pode-se dizer que foi o fundador da filosofia dos
novos tempos e o primeiro grande construtor de um sistema filosófico
que foi seguido por Spinoza e Leibniz, Locke e Berkeley, Hume e Kant.
Sistema filosófico é uma filosofia de base cujo objetivo é encontrar
respostas para as questões filosóficas mais importantes. Uma coisa que
ocupou a atenção de Descartes foi a relação, entre corpo e alma. Sua
obra mais importante é Discurso do método, onde explica, entre outras
coisas, que não se deve considerar nada como verdadeiro. Ele queria
aplicar o método matemático à reflexão da filosofia e provar as verdades
filosóficas como se prova um princípio de matemática, ou seja,
empregando a razão. Em seu raciocínio, Descartes objetiva chegar a um
conhecimento seguro sobre a natureza da vida e afirma que para tanto
deve-se partir da dúvida. Ele achava importante descartar primeiro todo o
conhecimento constituído antes dele, para só então começar a trabalhar
em seu projeto filosófico. Achava também que não devíamos confiar em
nossos sentidos. Era, portanto, racionalista. Uma das conclusões a que
chegou foi a de que a única coisa sobre a qual se podia ter certeza era a
de que duvidava de tudo. Acreditava na existência de Deus como algo tão
evidente quanto o fato de que alguém que pensa era um ser, um Eu
presente. Achava que o homem era um ser dual: tanto pensa como ocupa
lugar no espaço. Descartes morreu aos 54 anos, mas mesmo após sua morte
continuou a ser uma figura de grande importância para a filosofia. Ele
foi um homem à frente de seu tempo. Spinoza- Baruch
Spinoza foi um filósofo holandês que recebeu influências de Descartes.
Ele pertencia à comunidade judaica de Amsterdã, mas foi excomungado por
heresia. Contestava o fato de que cada palavra da Bíblia fosse inspirada
por Deus e dizia que quando a lemos temos que fazê-lo com uma postura
crítica. Com essa forma de pensar, foi sendo isolado por todos, até por
sua família. Seu sustento provinha do polimento de lentes e isso tem um
significado simbólico, pois a tarefa de um filósofo é justamente ajudar
as pessoas a ver a vida de um modo novo. Em sua filosofia é fundamental
enxergar as coisas sobre a perspectiva da eternidade. Spinoza era
panteísta, ou seja, achava que Deus estava presente em tudo que existia.
Em relação à ética, ele a entendia como a doutrina de como deve-se
viver para ter uma boa vida. Também era racionalista e pretendeu mostrar
que a vida do homem é governada pelas leis da natureza. Achava que o
homem tinha que se libertar de seus sentimentos e sensações para só
então encontrar a paz e ser feliz. Ele era monista (acreditava somente
numa natureza material, física). Spinoza considerava Deus, ou as leis da
natureza, a causa interna de tudo o que acontecia. Ele tinha uma visão
determinista. Ele defendeu de forma enérgica a liberdade de expressão e a
tolerância religiosa. Locke -Passaram-se duas semanas
sem que Sofia tivesse contato com Alberto, mas quando vinha da escola
encontrou Hermes no jardim de sua casa e o acompanhou até a residência
de seu professor. Quando lá chegou, relembrou com ele o que tinham
discutido na última vez em que estiveram juntos. Então começaram com o
estudo sobre Locke, um filósofo da experiência ou empírico. Antes,
porém, falaram do racionalismo e de seus principais representantes no
séc. XVII que foram o francês Descartes, o holandês Spinoza e o alemão
Leibniz. Um empírico deriva todo o seu conhecimento daquilo que lhe
dizem os sentidos. A formulação clássica de uma postura empírica vem de
Aristóteles. Locke repetiu as palavras deste filósofo, mas o
destinatário de sua crítica foi Descartes. John Locke (1632-1704) foi o
primeiro filósofo empírico inglês. Seu livro mais importante chama-se Um
ensaio sobre o entendimento humano. Nele, Locke tentava explicar duas
questões: em primeiro lugar, de onde o homem retirava seus pensamentos e
suas noções; em segundo, se podíamos confiar no que nossos sentidos nos
dizem. Locke acreditava que todos os nossos pensamentos e nossas noções
nada mais eram do que um reflexo daquilo que um dia já sentimos ou
percebemos através de nossos sentidos. Antes de sentirmos qualquer coisa
nossa mente era como uma tábula rasa, uma lousa vazia. Ele estabeleceu a
diferença entre aquilo que se chama de qualidades sensoriais primárias e
secundárias. Por qualidades sensoriais primárias Locke entendia a
extensão, peso, forma, movimento e número das coisas. As secundárias
eram as que não reproduziam as características verdadeiras das coisas e
sim o efeito que essas características exteriores exerciam sobre os
nossos sentidos. Locke chamou a atenção para o conhecimento intuitivo ou
demonstrativo. Ele acreditava que certas diretrizes éticas valiam para
todos e que era inerente à razão humana saber da existência de um Deus. Hume-
David Hume viveu de 1711 a 1776. Sua filosofia é considerada
até hoje como a mais importante filosofia empírica. Ele achava que lhe
cabia a tarefa de eliminar todos os conceitos obscuros e os raciocínios
intricados criados até então. Hume queria retornar à forma original pela
qual o homem experimentava o mundo. Constatou que o homem possuía
impressões de um lado, e idéias, de outro e atentou para o fato de que
tanto uma quanto outra poderiam ser ou simples ou complexas. Ele se
preocupou com o fato de às vezes formarmos idéias e noções complexas,
para as quais não há correspondentes complexos na realidade material.
Era dessa forma que surgiam as concepções falsas sobre as coisas. Ele
estudou cada noção, cada idéia, a fim de verificar se sua composição
encontrava correlato na realidade. Ele achava que uma noção complexa
precisava ser decomposta em noções menores. Era assim que pretendia
chegar a um método científico de análise das idéias do homem. No âmbito
da ética e da moral, Hume se opôs ao pensamento racionalista. Os
racionalistas consideravam uma qualidade inata da razão humana o fato de
ela poder distinguir entre o certo e o errado. Hume, porém, não
acreditava que a razão determinasse as ações e pensamentos de uma
pessoa. Berkeley- George Berkeley (1685-1753) foi um
bispo irlandês. Ele cria que a filosofia e a ciência de seu tempo
constituíam uma ameaça para a visão cristã do mundo. Além disso, achava
que o materialismo, cada vez mais consistente e difundido, colocava em
risco a crença cristã de que Deus criou e mantém vivo tudo existente na
natureza. Ao mesmo tempo, porém, Berkeley foi um dos mais coerentes
representantes do empirismo. Ele dizia que tudo que existia era só o que
percebíamos e que aquilo que percebíamos não era matéria ou substância.
Acreditava também que todas as idéias tinham uma causa fora da
consciência, mas que esta causa não era de natureza material e sim de
natureza espiritual. Segundo Berkeley, portanto, a alma podia ser a
causa das próprias idéias, mas só outra vontade, só outro espírito podia
ser a causa das idéias que formavam o mundo material. Ele dizia que
tudo vinha do espírito "onipotente por meio do qual tudo existia".
Afirmava que tudo que víamos e sentíamos era um efeito da força de Deus,
pois Ele estava presente no fundo de nossa consciência e era a causa de
toda a multiplicidade de idéias e sensações a que estávamos
constantemente sujeitos. Este espírito, no qual tudo existia era o Deus
cristão. Bjerkely - Hilde Knag acordou na mansarda da
antiga casa do capitão, nas proximidades de Lillesand. Levantou-se e foi
até a janela. Eram 15 de junho de 1990, o dia de seu aniversário de
quinze anos. Então, lembrou-se de que seu pai estaria de volta do Líbano
em uma semana. Na janela, ela observou o jardim, o ancoradouro e a casa
de barcos pintada de vermelho. Olhou para o lago e se recordou de que
uma vez caíra nele quando tinha seis ou sete anos por tentar
atravessá-lo sozinha no barco. Hilde tinha cabelos loiros e levemente
ondulados e olhos verdes. Quando olhou para o criado-mudo viu que sobre
ele havia um grande pacote, embrulhado num papel de presente e deduziu
que era o presente de seu pai. Havia muitas folhas datilografadas e na
primeira página estava o título O Mundo de Sofia. Hilde acomodou-se na
sua cama e começou a ler. Teve um susto quando leu que Sofia recebera
cartões-postais do Líbano, endereçados a ela. Em vez de colocar os
cartões dentro do pacote seu pai tinha escrito a mensagem de "feliz
aniversário" dentro do próprio presente. Então, continuou a ler e não
conseguia mais parar. A parte em que Sofia achou a cabana chamou
bastante a atenção de Hilde principalmente no tocante ao espelho, pois
ele realmente existia em sua casa. A cada capítulo lido, Hilde tinha a
convicção de que Sofia não era apenas uma personagem fictícia e que
talvez ela existisse. Iluminismo - O iluminismo foi um
movimento que caracterizou o pensamento europeu do século XVIII, baseado
na crença do poder da razão e do progresso, na liberdade de pensamento e
na emancipação política. Muitos dos filósofos do iluminismo francês
tinham visitado a Inglaterra, que em certo sentido era mais liberal do
que a França. A ciência natural inglesa encantou esses filósofos
franceses. De volta a sua pátria, a França, eles começaram pouco a pouco
a se rebelar contra o autoritarismo vigente e não tardou muito a se
voltarem também contra o poder da Igreja, do rei e da aristocracia. Eles
começaram a reimplantar o racionalismo em sua revolução. A maioria dos
filósofos do Iluminismo tinham uma crença inabalável na razão humana. A
nova ciência natural deixava claro que tudo na natureza era racional. De
certa forma, os filósofos iluministas consideravam sua tarefa criar um
alicerce para a moral, a ética e a religião que estivesse em sintonia
com a razão imutável do homem. Todos esses fatores contribuíram para a
formação do pensamento do iluminismo francês. Os filósofos desta época
diziam que só quando a razão e o conhecimento se difundissem era que a
humanidade faria grandes progressos. A natureza para eles era quase a
mesma coisa que a razão e por isso enfatizavam um retorno de homem a
ela. Falavam também que a religião deveria estar em consonância com a
razão natural do homem. O iluminismo foi o alicerce para a Revolução
Francesa de 1789. Kant - Immanuel Kant nasceu em
Königsberg, uma cidade da Prússia Oriental, em 1724. Ele conheceu muitos
filósofos racionalistas e empíricos. Achava que tanto os sentidos
quanto a razão eram muito importantes para a experiência do mundo e
concordava com Hume e com os empíricos quanto ao fato de que todos os
conhecimentos deviam-se às impressões dos sentidos. Mas, e nesse ponto
ele concordava com os racionalistas, a razão também continha
pressupostos importantes para o modo como o mundo era percebido. Kant
explicava que o espaço e o tempo pertenciam à condição humana sendo
propriedades da consciência, e não atributos do mundo físico. Ele
afirmava que a consciência se adaptava às coisas e vice-versa acreditava
que a lei da causalidade era o elemento componente da razão humana e
que era eterna e absoluta, simplesmente porque a razão humana
considerava tudo o que acontecia dentro de uma relação de causa e
efeito. Ele atentou para o fato de haver limites bem claros para o que o
homem podia saber e achava que o ser humano jamais poderia chegar a um
conhecimento seguro a respeito da existência de Deus, de que o universo
era ou não infinito, etc. Outro pensamento de Kant era o de que a razão
operava fora dos limites daquilo que os seres humanos poderiam
compreender. Existiam dois elementos que contribuíam para o conhecimento
do mundo: a experiência e a razão. Achava que o material para o
conhecimento era dado através dos sentidos que se adaptava, por assim
dizer, às características da razão. O Romantismo - O
Romantismo começou na Alemanha, em fins do século XVIII, como uma reação
à parcialidade do culto à razão apregoado pelo iluminismo e durou até
meados do século passado. Suas palavras de ordem eram: sentimento,
imaginação, experiência e anseio. No Romantismo, o indivíduo encontrava
caminho livre para fazer sua interpretação e professava uma glorificação
quase irrestrita do "eu". Os românticos acreditavam que só a arte era
capaz de aproximar alguém do indizível. Alguns levaram essa reflexão às
últimas conseqüências e chegaram a comparar o artista com Deus.
Costumava-se dizer que o artista possuía uma espécie de imaginação
criadora do mundo e em seu êxtase artístico seria capaz de experimentar
um estado em que as fronteiras entre sonho e realidade desapareceriam.
Os românticos sentiam-se atraídos pela noite, pelo crepúsculo, por
antigas ruínas e pelo sobrenatural. Interessavam-se muito pelo que se
chama de lado oculto da vida: o obscuro, o misterioso, o místico. O
Romantismo foi sobretudo um fenômeno urbano. Precisamente na primeira
metade do século passado, a cultura urbana vivia um período de apogeu em
muitas regiões da Europa. Dizia-se que, para o artista a ociosidade era
o ideal e a indolência, a primeira virtude do romântico e que era seu
dever viver a vida, ou imaginar-se distante dela. Uma das
características mais importantes deste período era o amor pela natureza e
por sua mística. O Romantismo também foi uma reação à visão do mundo
mecanicista do iluminismo. Isto significa que a natureza voltou a ser
vista como um todo, como uma unidade. Devido ao fato de o Romantismo ter
trazido consigo uma reorientação em tantos setores, costuma-se
distingui-lo de duas formas: Romantismo Universal e o Nacional. No
primeiro, os românticos se preocupavam com a natureza, a alma do mundo e
com o gênio artístico. No segundo, eles interessavam-se sobretudo pela
história do povo, sua língua e também pela cultura popular.
Kierkegaard - Kierkegaard nasceu em Copenhague em 1813. Ele se
opôs intensamente aos pensamentos de Hegel, o próximo filósofo a ser
estudado, e disse que a filosofia da unidade dos românticos e o
historicismo de Hegel tinham tirado do indivíduo a responsabilidade pela
sua própria vida. Para Kierkegaard, mais importante do que a busca de
uma verdade era a busca por verdades que são importantes para a vida de
cada indivíduo. Ele dizia também que a verdade era subjetiva não no
sentido de que era totalmente indiferente o que pensamos ou aquilo em
que acreditamos, mas que as verdades realmente importantes eram
pessoais. Kierkegaard achava que havia três possibilidades diferentes de
existência e as denominou de estágio estético, estágio ético e estágio
religioso. Quem vive no estágio estético vive o momento e visa sempre o
prazer. O estágio ético, é marcado pela seriedade e por decisões
consistentes, tomadas segundo padrões morais. Quem vive no estágio
religioso prefere a fé ao prazer estético e aos mandamentos da razão.
Para Kierkegaard, o estágio religioso era o cristianismo. Hegel -
Georg Wilhelm Friedrich Hegel nasceu em 1770, em Stuttgart.
Ele reuniu e desenvolveu quase todos os pensamentos surgidos entre os
românticos. Hegel também empregou o conceito espírito do mundo, mas lhe
atribuiu um sentido diferente do de outros românticos. Quando falava de
espírito ou razão do mundo, ele estava se referindo à soma de todas as
manifestações humanas. Ele dizia que a verdade era basicamente subjetiva
e contestava a possibilidade de haver uma verdade acima ou além da
razão humana. Achava também que as bases do conhecimento mudavam de
geração para geração e, por conseqüência, não existiam verdades eternas.
Ele dizia que a razão era algo dinâmico e que fora do processo
histórico não existia qualquer critério capaz de decidir sobre o que era
mais verdadeiro e o que era mais racional. Acreditava que quando se
refletia sobre o conceito de "ser" não tinha como deixar de lado a
reflexão da noção oposta, ou seja, o "não ser" e que a tensão entre
esses dois conceitos era resolvida pela idéia de transformar-se. Hegel
atribuiu uma importância enorme àquilo que chamou de forças objetivas: a
família e o Estado. Ele achava que o indivíduo era a parte orgânica de
uma comunidade e que a razão ou o espírito do mundo só se tornavam
possíveis na interação das pessoas e dizia também que o Estado era mais
que o cidadão isolado e mais que a soma de todos os cidadãos. Hegel
achava impossível desligar-se da sociedade por assim dizer. Para ele,
quem dava as costas à sociedade na qual vivia e preferia encontrar-se a
si mesmo era um louco. Ele falava que não era o indivíduo que encontrava
a si mesmo, mas o espírito do mundo e tentou mostrar que este retorna a
si em três estágios: em primeiro lugar, o espírito do mundo se
conscientiza de si mesmo no indivíduo (chama-se de razão subjetiva);
depois, atinge um nível mais elevado de consciência na família, na
sociedade e no Estado, (chama-se de razão objetiva); e enfim atinge a
forma mais elevada de autoconhecimento na razão absoluta. E esta razão
absoluta eram a arte, a religião e a filosofia, sendo esta última a mais
elevada da razão. Só na filosofia era que o espírito do mundo se
encontraria. Desse ponto de vista, a filosofia podia ser considerada o
espelho do espírito do mundo. Marx- Marx foi um
filósofo materialista e seu pensamento tinha um objetivo prático e
político. Foi também um historiador, sociólogo e economista. Ele achava
que eram as condições materiais de vida numa sociedade que determinavam o
pensamento e a consciência e que tais condições eram decisivas também
para a evolução da história. Nesse sentido, Marx dizia que não eram os
pressupostos espirituais numa sociedade que levavam a modificações
materiais, mas exatamente o oposto: as condições materiais determinavam,
em última instância, também as condições espirituais. Além disso,
achava que as forças econômicas eram as principais responsáveis pela
mudança em todos os outros setores e, conseqüentemente, pelos rumos do
curso da história. Para Marx, as condições materiais sustentavam todos
os pensamentos e idéias de uma sociedade sendo esta composta por três
camadas: embaixo de tudo estavam as condições naturais de produção que
compreendiam os recursos naturais; a próxima camada era formada pelas
forças de produção de uma sociedade, que não era só a força de trabalho
do próprio homem, mas também os tipos de equipamentos, ferramentas e
máquinas, os chamados meios de produção; a terceira trata das relações
de posse e da divisão do trabalho, chamada de relações de produção de
uma sociedade. Para ele, o modo de produção determinava se relações
políticas e ideológicas podiam existir. Marx falava que toda a história
era a história das lutas de classes. Pensava a respeito do trabalho
humano falando que quando o homem labutava, ele interferia na natureza e
deixava nela suas marcas e vice-versa. Marx foi a pessoa que deu grande
impulso ao comunismo. Ele atacava fortemente o sistema capitalista que
vigorava em todo mundo e achava que seu modo de produção era
contraditório. Para ele, o capitalismo era um sistema econômico
autodestrutivo, sobretudo porque lhe faltava um controle racional. Ele
considerava o capitalismo progressivo, isto é, algo que aponta para o
futuro, mas só porque via nele um estágio a caminho do comunismo.
Segundo Marx, quando o capitalismo caísse e o proletariado tomasse o
poder, haveria o surgimento de uma nova sociedade de classes, na qual o
proletariado subjulgaria à força a burguesia. Esta fase de transição
Marx chamou de ditadura do proletariado. Depois disso a ditadura do
proletariado daria lugar a uma sociedade sem classes, o comunismo e esta
seria uma sociedade na qual os meios de produção pertenceriam a todos.
Em tal estágio, cada um trabalharia de acordo com sua capacidade e
ganharia de acordo com suas necessidades. Darwin- Darwin
foi um cientista que, mais do que qualquer outro em tempos mais
modernos, questionou e colocou em dúvida a visão bíblica sobre o lugar
do homem na criação. Ele achava que precisava se libertar da doutrina
cristã sobre o surgimento do homem e dos animais, vigente em sua época.
Darwin nasceu em 1809 na cidade de Shrewsbury. Em um de seus livros
publicados, Origem das espécies, defendeu duas teorias ou idéias
principais: em primeiro lugar dizia que todas as espécies de plantas e
animais existentes descendiam de formas mais primitivas, que viveram em
tempos passados. Ele pressupôs, portanto, uma evolução biológica. Em
segundo, Darwin explicou que esta evolução se devia à seleção natural.
Um dos argumentos propostos por ele para a evolução biológica era o fato
de existir depósitos de fósseis estratificados em diferentes formações
rochosas. Outro argumento era a distribuição geográfica das espécies
vivas (ele havia visto com seus próprios olhos que as diferentes
espécies de animais de uma região distinguiam-se umas das outras por
detalhes mínimos). Darwin não acreditava que as espécies eram imutáveis,
só que lhe faltava uma explicação convincente para o modo como se
processava a evolução. O que ele tinha era um argumento para a suposição
de que todos os animais da Terra possuíam um ancestral comum: a
evolução dos embriões dos mamíferos, mas continuava sem explicar como se
processava a evolução para as diferentes espécies. Enfim chegou a uma
conclusão: a responsável era a seleção natural na luta pela vida, ou
seja, quem melhor se adaptava ao meio ambiente, sobrevivia e podia
garantir a continuidade de sua espécie. "As constantes variações entre
indivíduos de uma mesma espécie e as elevadas taxas de nascimento
constituem a matéria-prima para a evolução da vida na Terra. A seleção
natural na luta pela sobrevivência é o mecanismo, a força propulsora que
está por trás desta evolução. A seleção natural é responsável pela
sobrevivência dos mais fortes, ou dos que melhor se adaptam ao seu
meio". Freud - Freud nasceu em 1856 e estudou medicina
na Universidade de Viena. Ele achava que sempre havia uma tensão entre o
homem e o seu meio. Para ser mais exato, um conflito entre o próprio
homem e aquilo que o seu meio exigia dele. Ele descobriu o universo dos
impulsos que regiam a vida do ser humano. Com freqüência, impulsos
irracionais determinavam os pensamentos, os sonhos e as ações das
pessoas. Tais impulsos irracionais eram capazes de trazer à luz
instintos e necessidades que estavam profundamente enraizados no
interior dos indivíduos. Freud chegara a conclusão da existência de uma
sexualidade infantil por meio de sua prática como psicoterapeuta. Ele
também constatou que muitas formas de distúrbios psíquicos eram devido a
conflitos ocorridos na infância. Após um longo período de experiência
com pacientes, concluiu que a consciência seria mais ou menos como a
ponta de um iceberg que se elevava para além da superfície da água. Sob a
superfície ou sob o limiar da consciência, estava o subconsciente ou
inconsciente. A expressão inconsciente significava, para Freud, tudo o
que reprimimos. Nosso próprio tempo- Hilde estava
gostando bastante do presente que ganhara de seu pai e não parava a
leitura por nada. Esquecia-se até de comer. Ela refletia sobre tudo que
lia e sempre chegava a conclusões que às vezes nem entendia. Então
voltou a ler. Sofia estava voltando para casa e no meio do caminho lhe
aconteceram coisas estranhas. Quando chegou a sua casa, passaram alguns
instantes até que sua mãe retornasse também. As duas foram limpar o
jardim para a festa de Sofia. Na manhã seguinte, Alberto ligou e marcou
um encontro no "Café Pierre" para falar sobre o existencialismo. O
existencialismo tem como ponto de partida única e exclusivamente o
homem. Vale ressaltar que todos os filósofos existencialistas eram
cristãos. Jean-Paul Sartre foi um de seus principais representantes. Ele
ainda fez um comentário sobre a revolução tecnológica por que o mundo
passava. Depois dessa explicação, foram até uma biblioteca que ficava
ali perto e Alberto deu de presente a Sofia um livro. A Festa no
Jardim - Hilde já estava quase no final do livro. Ela sentia
que tinha prendido muita coisa desde que começara a ler O Mundo de
Sofia. Ela prosseguiu com a leitura. Sofia pegou um ônibus para voltar
par casa e por coincidência sua mãe estava nele. Quando chegaram ao seu
destino, desceram e passaram o resto do dia organizando e terminando os
preparativos para a festa. Entre os que viriam, estava Alberto. Os
convidados começaram a chegar. Vieram Jorunn e seus pais e alguns
colegas do colégio onde Sofia estudava. Todos estavam ansiosos pela
chegada do já comentado professor de filosofia de Sofia. Então ele
chegou e fez um discurso que contava tudo que estava ocorrendo. Falou
sobre Hilde e seu pai e que tudo que estava acontecendo e a existência
de todos que estavam ali não passava de uma brincadeira inventada para
divertir Hilde no dia de seu aniversário. Os pais de Jorunn acharam
aquilo absurdo e a mãe de Sofia não estava entendendo nada. Então Sofia
contou-lhes que teria que ir embora com Alberto. Sua mãe, mesmo triste,
aceitou e os dois sumiram pela floresta. O Contraponto-
Hilde refletiu sobre o que havia acontecido e ficou curiosa para saber
onde os protagonistas daquela história teriam ido parar, o que realmente
tinha acontecido, mas a história tinha acabado. Será que a própria
Hilde agora deveria continuar a história? Então, de repente, ocorreu-lhe
uma idéia: se Alberto e Sofia realmente tinham conseguido fugir da
história, não poderia haver nada escrito sobre isto nas páginas do
fichário. Afinal tudo que estava escrito ali era do conhecimento de seu
pai. Nos dias seguintes que se passaram, ela e sua mãe foram preparar a
festa de São João, que seria no Sábado. Sofia e Alberto conseguiram
escapar do livro e agora estavam em outro local como se fossem almas ou
espíritos. Quando o pai de Hilde chegou ao aeroporto, encontrou várias
mensagens como as que ele mandava para Sofia. Era sua filha pregando-lhe
uma peça e enquanto isso Sofia e Alberto estavam indo para Lillesand
para a residência de Hilde. Durante este percurso eles perceberam que
estavam fazendo parte de outro mundo, uma espécie de mundo da
eternidade.. Hilde esperava o seu pai no jardim onde também já se
encontravam Sofia e Alberto. Eles estavam invisíveis. Quando o Major
Albert Knag (este era o nome do pai de Hilde) chegou, deu um grande
abraço em sua filha e foram jantar. Depois, os dois foram para o jardim
conversar. A Grande Explosão- Hilde escutava
atentamente seu pai falar sobre o universo. Sofia e Alberto também
estavam ali, ouvindo tudo. Seu pai lhe falou sobre a origem do universo,
a teoria do Big Bang, que foi uma grande explosão cósmica ocorrida há
bilhões de anos atrás, sobre astronomia, gravidade, inércia e falou que
na noite de Ano Novo antes dele viajar para o Líbano foi que decidira
escrever-lhe o livro de filosofia. Hilde estava encantada. Enquanto
isso, Alberto e Sofia, que estavam perto do lago, foram até o barco e o
soltaram. Hilde não entendeu e então se lembraram do episódio do livro
em que Sofia toma emprestado o bote de seu professor e resolveram nadar
juntos até o barco.