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Resumos / Material

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domingo, 23 de agosto de 2009

Contos Esquecidos - Machado de Assis

1 — Decadência do Dois Grandes HomensArgumentoMiranda, que foi ao Rio de Janeiro tratar questões políticas com os ministros, encontrou nocafé Carceler (local da burocracia) o velho Jaime. Este chamou a atenção do médico, pois, sendoum "original", todos os dias fazia suas refeições no Carceler, seguindo uma rotina: almoçava,tomava uma chávena de chocolate, acendia um charuto, lia jornais e por fim adormecia por 30minutos. Miranda tenta infrutiferamente uma aproximação.Porém, nos idos de março (dia 15), o velho Jaime depois de almoçar não procurou ler osjornais. Miranda aproximou-se e, depois de apresentarem-se, entregaram-se a uma longaconversa, Jaime estava inquieto e preocupado, os idos de março atormentavam-no. Ao saírem doCarceler, encaminharam-se para a casa do velho. Lá foram surpreendidos por um grande gatonegro, chamado Júlio César. A presença do gato atormentou Miranda, mas, em seguida, Jaimeacariciou o gato acalmando-o. Miranda percebe que entre os muitos livros do velho havia um deMetempsicose.Assim, em uma conversa, Jaime revela que na realidade era Marco Bruto, o homem quematou Júlio César, este tinha seu espírito no corpo do gato. Miranda, ao escutar tal história,resolvo acender o charuto que ganhara, no café, do velho Jaime. Em silêncio, Miranda escutavaatentamente tudo aquilo que Jaime lhe contava. Nos idos de março Júlio César voltaria paravingar-se de Marco Bruto, seu assassino. Porém, diante de Miranda, Jaime começa a transformarseem um rato, que foi perseguido pelo gato, Júlio César. Depois que o gato comeu o rato, aqueletransformou-se em uma bola de luz, e de dentro saiu outra. As duas precipitaram-se ao céu. Otelhado da casa havia desaparecido, junto com as bolas de luz Miranda sobe ao céu. De lá, asbolas seguem seu caminho, o Miranda despenca do céu. Ao cair no chão, reparou que as casasestavam estranhas. Os telhados estavam no chão e os alicerces nos telhados. Ao acordar na outramanhã, Miranda teve certeza de que Jaime era um "original" e de que a vingança de Júlio César, oimperador romano, tinha se concretizado nos idos de março. Miranda resolveu ir até o Carcelerpara contar a todos sua aventure e, ao chegar lá, encontrou o velho Jaime sentado à mesmamesa, este agradeceu-lhe a ajuda e preocupar-se-ia apenas com os idos de março do anoseguinte, pois agora estava salvo. Miranda questiona Jaime a respeito do que havia ocorrido e esteexplica-lhe que tudo fora culpa do charuto opiado que Miranda tinha fumado.2— Muitos anos depoisArgumentoPadre Flávio, um jovem de 27 anos, fora criado pelo Pe. Vilela. Abandonado pela mãe ecriado por uma madrasta. Esta morreu e deixou o menino Flávio aos cuidados do Pe. Vilela. Poruma decepção amorosa, Flávio entra para o seminário e toma-se padre. Carismático, Flávio tinha aatenção de seus paroquianos, assim corno uma vasta biblioteca formada e livros de teologia,romances e livros profanos. Um dia, chaga à casa dos padres Henrique Aires, amigo de infância doPe. Flávio. Muito afoito, Henrique pediu-lhes ajuda e contou que havia fugido com Luisa. Contra avontade de seus pais unira-se a uma moça pobre. Os padres celebraram o casamento dos jovense reconciliaram o filho com os pais, João e Mariana Aires de Lima. Dona Mariana tolerava a nora,mas não conseguia esconder seu descontentamento em relação ao casamento do filho. Depois deum tempo, Henrique deixa a casa paterna. Nas os padres continuaram a visitar o casal Aires deLima. Até que um dia Pe. Flávio disse a Pe. Vilela que fora destrato por João Aires de Lima e, porisso, não freqüentaria mais a casa da família. Pe. Vilela encontra João A. de Lima, então, o pai deHenrique diz a Pe. Vilela que Pe. Flávio tinha desrespeitado D. Mariana. A fim de desfazer o malentendido, os dois homens dirigem-se à residência do casal. Lá, eles vêem D. Mariana de mãosdadas com o Pe. Flávio. A cena confirmava a desconfiança do marido traído. Porém, chorando, D.Mariana revela que Pe. Flávio é seu filho. Pe. Flávio tinha uma carta de sua mãe biológica, másnão esperava estar tão próximo dela. O. Mariana recolheu-se ao Convento da Ajuda, onde maistarde faleceu. Pe. Flávio faleceu no interior das Minas Gerais, onde fora refletir sobre o erro de umapessoa e sobre as conseqüências que trouxe à vida de muitos.3—A melhor das noivasArgumentoNão há nada mais bonito que o sorriso de um velho, menos o de João Barbosa em fim desetembro, de 1868. Seu João Barbosa, um septuagenário muito rico, um dia colocou um anúnciono jornal, pois precisava de uma mulher. Seus sobrinhos foram contra a idéia, mas seu João nãolhes deu ouvidos. D. Joana atendeu as exigências do patrão. Quando foi trabalhar na casa dovelho, D. Joana pensava que um dia seu esforço seria reconhecido e, assim, ganharia uma parteda herança do velho. Porém, seu João começou a ficar muito animado acordava cedo, parecia tervisto passarinho verde. Um dia o velho disse a O. Joana que precisava falar-lhe algo sério. O.Joana pensou que seria o momento em que o velho reconheceria o trabalho prestado, pois eledizia que não queria deixa-la e que ela deveria estar disposta a fazer o mesmo. Assim, D. Joanapensava no casamento, no testamento e na herança. O velho começou a falar em casamento, e O.Joana sentia-se casada com ele. Até que o velho revela o nome da amada: D. Lucinda. Foi umchoque, uma decepção, pois O. Joana percebeu que havia uma interesseira rondando a fortuna dovelho João. Tão irritada com a situação ficou O. Joana, que resolveu partir. No entanto, o velhopersuadiu-a a permanecer com ele. A contra gosto D. Joana conhecera D. Lucinda em um jantar,em um domingo na casa do velho. José, um dos sobrinhos, convidou-se para o jantar a fim deconhecer a futura tia e mostrou ao tio que ela era apenas uma interesseira. Quando o sobrinhofalou ao tio o que pensava, este ficou irritado. Só que com o tempo João Barbosa percebeu que asdesconfianças do sobrinho tinham fundamento. Um resfriado afasta os enamorados e faz JoãoBarbosa perceber que aquilo de que precisava estava todo o tempo em sua casa: O. Joana. Estatinha-lhe devotado a vida. Seria certo casar com ela. Assim, para a alegria de D. Joana, esta épedida em casamento pelo velho.Juntos faziam planos para construir uma nova casa. D. Joana apressou o casamento e, nahora deste, ela foi chamar o noivo. Este estava sentado e sorrindo, O. Joana chamou-lhe algumasvezes até que percebeu que o velho morrera. Tinha para ele, chegado a morte, a melhor dasnoivas.4— Um EsqueletoArgumentoEm uma praia, 10 ou 12 rapazes estavam reunidos. Conversavam sobre vários assuntos,até que um deles resolveu elogiar a língua alemã, e outro concordou. Assim, Alberto disse queaprendera alemão com o Dr. Belém, um homem que escrevera um livro de teologia um romance edescobrira um planeta. Não encontrou editor para os livros, e a carta enviada para atestar adescoberta do planeta perdera-se. O narrador obtém a atenção de todos quando prova aexcentricidade do Dr. Belém contando-lhes a história de um esqueleto. Em Minas Gerais, um diaAlberto conversava com o Dr. Belém, na porta da casa deste. Alberto perguntou se o Dr. Belém játinha sido casado e este disse-lhe que fora casado e que casaria novamente daí a três meses. Dr.Belém convidou Alberto para ir até seu gabinete lá mostrou ao jovem o esqueleto de sua primeiraesposa. Alberto ficou aterrorizado. Porém o jovem deu uma nova idéia ao Dr. Belém: o casamento.Dr. Belém escolheu a jovem viúva D. Marcelina para ser sua nova esposa. Embora ela tivesseapenas 26 anos e fosse cortejada pelo tenente Soares, Dr. Belém durante três meses insistiu nopedido de casamento. D. Marcelina sempre negou. Porém, passados os três meses, D. Marcelinaaceita o pedido de casamento do Dr. Belém. Todos estranharam tal união, não era por dinheiro,tampouco por amor pensavam os convivas. Dr. Belém tinha 50 anos, mas aparentava 60, vestia-sede forma estranha e devido à sua aparência física era chamado de defunto ou lobisomem. Noentanto, o casamento aconteceu e Dr. Belém transformou-se. Passou a vestir-se conforme o gostoda esposa, e sua casa encheu-se de alegria Alberto era o único o freqüentar-lhes a casa, assimconvivia com a alergia daquela morada. Um dia, não podendo ficar para almoçar na casa do casal,pediu para ficar algum tempo no gabinete para terminar a leitura de um romance. Estranhou osilêncio do casal e, ao ir despedir-se, viu que, à mesa, sentado com o casal estava o esqueleto.Horrorizado com aquela cena, decidiu não freqüentar mais aquela casa. Entretanto, um dia Dr.Belém cobra-lhe a visita e diz-lhe que o amigo deveria fazer-se presente na casa do casal. Albertodecide ir, pois ele era a única pessoa normal com quem O. Marcelina tinha contato. Além das trêspessoas, durante um jantar, estava à mesa o esqueleto. Alberto percebe o constrangimento de D.Marcelina e pede ao amigo uma explicação para aquela situação absurda Dr. Belém diz-lhe quequeria que as duas esposas se dessem bem ou que a primeira serviria do exemplo à segunda. Dr.Belém contou que matou sua primeira esposa com as próprias mãos, pois ela o traíra.Uma carta anônima tinha denunciado o adultério. Porém, mais tarde, Dr. Belém soube quefora um engano, uma mentira. Não houve traição, mas a primeira esposa, Luisa, deveria servircomo exemplo à segunda caso esta não cumprisse suas obrigações de esposa. Alberto deixa acasa do casal disposto a não voltar mais. Não entendeu aos chamados do amigo, mas, em 15dias, recebeu um bilhete de O. Marcelina, que dizia que ele em a única pessoa normal com quemtinha contato.Apiedou-se da jovem senhora e lá foi. Surpreendeu-se com um anúncio e um pedido. Dr.Belém diz-lhe que fará uma viagem ao interior e pede-lhe para fazer companhia a sua esposa.Temeroso, Alberto diz não ao pedido, mas não havia outra pessoa. Assim, Alberto faz a irmã e ocunhado hospedarem a esposa do Dr. Belém. Passados alguns dias, Dr. Belém manda-lhes umacarta, pedindo que Alberto levasse ao seu encontro D. Marcelina. Mais uma vez, Alberto convencea irmã e o cunhado a viajarem ao encontro do Dr. Belém. Era indispensável que levassem comeles o esqueleto. Ao completarem a viagem a esposa e o esqueleto são entregues ao Dr. Belém.Ao despedirem-se, a fim de voltar a cidade, o Dr. Belém persuade a todos a esperarem por ele. Nooutro dia pela manhã, Dr. Belém convida sua esposa e o amigo Alberto para um passeio nafloresta.Alberto seguia o casal que caminhava em silêncio. Quando chegaram a uma clareira, láestava sentado o esqueleto, Dr. Belém tirou uma carta do bolso e disse aos jovens que sabia detudo, que eles não o enganariam mais. D. Marcelina começou a chorar e Alberto, em vão, tentavaexplicar a situação. Até que Dr. Belém disse que entendia tudo, pois eles eram jovens e amavamsee por isso deveriam ficar juntos. Dito isso, agarrou-se ao esqueleto e correu pára a mata.Alberto não o pode perseguir, pois precisou auxiliar D. Marcelina que se desesperava. Dr. Belémrecebera a carta do tenente Soares, porque este estava despeitado devido à escolha da jovem.Todos os rapazes escutaram a história com a maior atenção e um deles disse a Alberto que o Dr.Belém era verdadeiramente um doido. Alberto nu e disse-lhe que o Dr. Belém teria sido um doidose tivesse existido.5— Lima LoureiraArgumentoEm certa noite de abril de 1860, houve grande agitação na casa do comendador NicolauNunes. Alberto, um jovem de 27 anos, filho de um primo, chegaria para noivar com uma jovem. Elachamava-se Luisa, tinha 18 anos, era a filha do meio. Seu irmão mais velho, assim como o pai,chamava-se Nicolau, tinha 20 anos, e o mais novo Pedro, de 7 anos. Todos eram filhos docomendador e de sua esposa Feliciana. Esta tinha a obrigação, segundo o mando, de descobrir sea filha não estava interessada por outro homem, pois a moça não manifestava tais desejos. Então,D. Feliciana perguntou à filha se esta já tinha se apaixonado, ela respondeu que não sabia. A mãeperguntou à filha se deveria explicar-lhe o que era o amor. A mãe percebeu que a filha hesitou porum momento. Assim, Luisa confessou que já tinha sentido amor por um rapaz, que no outro dia lheescrevera uma carta. A mãe, indignada perguntou se a filha respondeu a carta. E, para a tristezade D. Feliciana, Luiza respondera 25 vezes. Chamando a filha de desgraçada e dizendo-lhe queseria a vergonha da casa, descobriu que a moça teve outros correspondentes. Para um enviouquinze e para outro trinta e sete cartas. Escutando as lamentações da mãe, Luisa disse-lhe quenão havia mais nenhum. Era mentira, pois findada a conversa, foi escrever a quinta carta para oalferes Coutinho. Assim em uma noite de abril de 1860, chegou o pretendente, dono de narizromano.Alberto agradou a todos, menos à Luisa, pois esta não estava acostumada a dividir asatenções com os outros. Na realidade, Luisa recebia o novo pretendente, mas continuava acorresponder-se com o alferes e ainda tinha o Antonico. Quando Coutinho soube do novopretendente, escreveu uma carta apaixonada à moça. Ao receber a carta pensou que realmenteamava o alferes. Mas a disputa estava longe de terminar. Luíza sentia-se um pouco dividida, Ocomendador Nicolau Nunes solicitou do futuro genro uma definição, e este disse-lhe que tudoestava certo e que já podiam sentir-se como pertencentes da mesma família. Alberto resolve irconversar com o Coutinho, a fim de pedir a este que saia do caminho da jovem Luisa. Porém aresposta do alferes foi negativa, assim ambos disputam o coração da jovem com todos as armas.Alberto com sua presença e Coutinho com suas cartas. Mas a chagada do primo Gonçalves, osonso, faz Luisa preocupar-se, pois ele havia percebido que ela andava de namorico com os doisrapazes. Luisa ficou furiosa com o primo. No entanto chegou o dia em que os dois pretendentesnão agüentavam mais a longa espera e ambos pediram Luisa em casamento, enviando-lhe cartas.Coutinho escutou a moça dizer-lhe que lhe responderia mais tarde.Depois de um tempo Coutinho foi à casa de Alberto para dizer-lhe que achava que era ovencedor, ambos confessaram ter recebido muitas provas da moça. Coutinho confessou até terbeijado a mão da moça. Quando, inesperadamente, chegou o comendador Nicolau e confessouque a filha fugira com o primo.6 — Brincar com fogoArgumentoDuas amigas, Lúcia e Mariquinhas (Maria), estavam à janela em. uma tarde,quando avistaram um jovem garboso a passear. Ele chamava-se João dosPassos e tinha decidido que naquele dia iria conhecer o bairro Cajueiros.Trajava um termo novo de riscado e usava um chapéu importado da França.As moças ficaram ouriçadas ao ver o rapaz desfilando. Disputaram a atenção e o olhar dojovem. Mariquinhas falava alto para que João a escutasse. Lúcia beliscava a amiga dizendo-lhecaluda. João caminhou devagar para desfrutar os olhares desejosos das amigas. Passounovamente por elas. No outro dia elas não se encontraram. Ficaram em suas casa: Mariquinhas,rua do Príncipe; Lúcia, rua da Princesa. Porém a espera foi em vão, pois João não foi passear emcajueiros. Passados alguns dias, o rapaz entra na rua de Lúcia, que estava à janela. Ele corteja ajovem.Apresentando-se, João pede permissão à moça para enviar-lhe cartas, e ela consenti.Saindo dali dirige-se a rua de Marquinhas e faz o mesmo com ela. As amigas sabiam que ele secorrespondia com ambas. Para elas, isso era motivo de gozação. Riam e debochavam dopretendente atrapalhado. No entanto, o interesse de ambas pelo jovem cresceu tanto, quedeixaram de contar, uma a outra, os encontros amorosos. João apaixonara-se verdadeiramentepelas duas.Decidiu, então, casar. Resolveu escrever uma carta a Lúcia, pedindo-lhe a não emcasamento. Ele dizia-lhe que estava ansioso pelo momento de chamá-la de esposa e que o paidela ganharia, assim, um filho. No entanto ele também confessa seu amor a Mariquinhas, atravésde um carta, pedindo-a em casamento. João ajoelhar-se-ia diante da mãe de Mariquinhas paralouvar-lhe. Passaria às 7hs pela casa do Lúcia e 8hs pela de Mariquinhas para oficializar o pedido.As cartas foram entregues a um portador, que confundiu os destinatários, pois entregou a carta deLúcia a Mariquinhas e vice-versa. As duas moças recusaram-se a receber outras cartas do jovempretendente, que ignorava o acontecido. Posto isso, João decidiu o destino de seu casamento.Optou por casar-se com urna prima do interior, que possuía um lindo par de olhos e cinco prédiosexcelentes. Quanto a Lucia e Mariquinhas, casaram-se mais tarde, mas jamais voltaram a seramigos. Para os três jovens, a Páscoa de 1868 foi inesquecível.7- A última receitaArgumentoA viúva Paula Lemos, em uma noite de setembro, adoecera ao regressar de um baile. Unsacreditavam que a causa era a saudade, outros, os nervos. Assim, o Dr. Avelar foi chamado paraexaminá-la e constatou ser uma constipação grave. Receitou dois ou três remédios, mas apenasum era eficaz. A viúva "tomou os remédios como quem não queria deixar a vida'. Ela tinha apenas24 anos, fora casada dois anos e há treze meses era viúva. O casamento fora arranjado pelafamília dela e pelo noivo. Ela não tinha por este a menor estima. Devido à moléstia, o médicopassa a freqüentar a casa de D. Paula. Uma tia velha, que morava com a viúva, por ser surda, nãoescutava as conversas entre o médico e sua paciente. Mas, não sendo tola, desconfiava que aviúva nutria um forte interesse pelo médico. Ocorreram muitas visitas e forma trocados muitosbilhetes. Por três meses a doença não cedeu. Por isso julgaram que o mal de D. Paula era interno,já que o rosto não manifestava outros sintomas. Assim, Dr. Avelar escreve a O. Paula dizendo-lhe,que a moléstia que a afligia necessitava da última receita. Então, o médico revela seu intenso amorpor ela, e, em quarenta dias, casam-se.8—O Passado, passadoArgumentoNa residência do comendador Valadares, o capitão-tenente Luis Pinto — 42anos, alto, elegante, bem-feito, olhos negros e rasgados, ar de superioridadee boa moral — encontrou alguém que amava antes de casar-se. Era D.Madalena Soares — trinta anos, cuja presença era tranqüila e austera — quetrajava uma vestimenta preta devido à recente viuvez. Havia 10 meses quefalecera seu marido, deixando-a com um filho de 6 anos. O tenente tambémera viuvo há dez anos, tendo uma filha, que estudava em um colégio interno.A alegria de rever um amor do passado não foi percebida pelos outrosconvidados para o sarau, pois todos deram atenção à jovem. Aodespedirem-se, Luis Pinto disse que a iria visitar na rua das Mangueira. DonaMadalena morava com o filho e com uma tia do marido, esta tinha porocupação fazer companhia à viúva. Em um encontro Luis indagou seMadalena lembrava o passado. "O passado de que ele falava, como já aleitora terá suposto, era um namoro travado entre os dois antes docasamento de ambos. Não foi namoro ligeiro e sem raízes, antespassatempo que outra coisa; foi paixão séria e forte". Assim o capitãotenentecomeça a visitar a viúva com urna intenção clara: o casamento.Apesar de ela estar no "meio-dia da vida" e ele na "tarde da vida", Luís Pintotinha certeza de que ficaria com o amor do passado. Em um jantar na casado comendador Valadares, encontraram-se os dois novamente. Quandoconseguiram ficar a sós, o capitão começou, em um diálogo entrecortado,indagar o que Madalena pensava sobre a possibilidade de um novocasamento. Porém foram interrompidos, pois Madalena iria cantar para osconvidados do comendador. Ao despedir-se de Luís, disse-lhe umsignificativo 'talvez'. Para ele a resposta fora 'sim'. Com a certeza de umvencedor, descuidou-se das visitas à pretendente. Passados dois meses, emuma conversa com o comendador, Luís descobre que Madalena iria casar-secom o Dr. Álvares, era esse o comentário atual. Luís resolve perguntardiretamente à Madalena, a resposta dela foi um silêncio constrangedor. Emum mês o casamento foi anunciado.'Luís Pinto devia, não digo morrer, mas ficar abatido e triste. Nem triste, nem abatido. Não ficoucoisa nenhuma. Deixou de assistir ao casamento, por um simples escrúpulo; e teve pena de não ircomer os bolinhos das bodas.Qual era então a moralidade do conto? A moralidade é que não basta amar muito um diapara amar sempre o mesmo objeto, e que um homem pode fazer sacrifícios por uma fortuna, quemais tarde verá ir-se-lhe das mão sem mágoas ou ressentimentos.'9—Dona MônicaArgumentoO capitão Matias do Nascimento, ao morrer, deixou sua fortuna (300 contos) para seusobrinho Gaspar. No entanto, para receber a herança, ele deveria casar-se com D. Mônica, a tia deseu tio. Senhora de sessenta anos, cuja elegância de 1810 e o sorriso de mais de três dentescausam temor ao jovem herdeiro. O bacharel Veloso, amigo de Gaspar, em uma conversa diz-lheque D. Mônica provavelmente não aceitaria o pedido de casamento, pois cairia no ridículo. E quehavia uma pessoa mais preocupada com a especial cláusula do testamento: o comendador, pai deLucinda. Interessava, ao comendador casar a filha com um homem de posses. Porém, Lucinda, deapenas dezessete anos, estava certa de seu sentimento por Gaspar. D. Mônica, ao tomarconhecimento da imposição do testamento, demonstrou profundo desagrado. No entanto, aorefletir melhor pensou que jamais seu sobrinho faria algo para desagradá-la. Gaspar, ao ir ter comtia-avó, após sair da secretaria, onde trabalhava, estava decidido a abrir mão da fortuna em nomedo amor de Lucinda, enquanto a velha não queria contrariar a vontade do morto. O comendadorLima, pai da moça, resolve separar os jovens amantes. A desgraça de Gaspar era enorme perderasucessivamente o tio, a herança e a amada. O pai de Lucinda faz a moça viajar para fora do Rio deJaneiro. Mas, na noite em que recebe a recusa de seu futuro sogro, quebra a chave na fechadurade sua casa. E, sem ter onde dormir, pois a casa do amigo Veloso era muito longe, resolve dirigirseà rua do Inválidos, onde morava D. Mônica. Acolhido por um escravo, consegue pouso na casade O. Mônica.No outro dia pela manhã, quando soube que Gaspar dormira na casa, sem seuconsentimento, ficou furiosa e fez com que Gaspar ficasse para o almoço O. Mônica fez o almoçoatrasar, pois deveria vestir-se e toucar-se adequadamente. Durante o almoço, o jovem épersuadido a contar à velha os dilemas de seu coração. No outro dia também faltou ao emprego,para ir a Niterói. Durante o trajeto, escutou a conversa de dois homens. Eles falavam sobre os"cem contecos" que o mais velho possuía. Gaspar conversa com o dono da pequena fortuna e estediz-lhe que trabalhou muito para conseguir a quantia e aconselha ao jovem que case com a tiapara ganhar os 300 contos. No outro dia ao ler o jornal, viu que tinha sido demitido. Resolveu irconversar com Lucinda, ela estava fria. Em contra parida D. Mônica mostrava-se acolhedora,conversaria com o pai da moça e arranjaria um novo emprego para o sobrinho. Depois de percebera tristeza da filha, o comendador Lima permite o namoro entre os dois. Contudo, era tarde, Gasparopta por casar com D. Mônica, ela era uma boa mulher, e ele, assim, ganharia a herança.10 – Casa não casaArgumentoAs duas da manhã, do dia 16 de março, Júlio Simões estava acordado, era uma noitequente. De sua janela, ele vê um vulto de mulher aproximar-se de sua casa. Ele desce as escadase abre a porta, então a luz da vela ilumina o rosto de Isabel, que, chorando, entrega a foto deLuísa. Na mesma noite, novamente chega à sua porta outro vulto de mulher, que ele julgava serIsabel, para explicar-lhe o que tudo significava. Mas, para sua surpresa, era Luíza, que, chorando,lhe entrega a foto de Isabel e parto. Sem sabor o que elas queriam dizer com aquela ação, foivisitá-las passados 7 dias. Primeiro, Isabel. Esta recebeu-o com frieza e dizia-lhe que pusesse amão na consciência. Júlio, um dia, elogiou, através de uma foto, Luísa. Isso foi suficiente paradespertar o ciúme de Isabel. No entanto, ele conseguiu convencer Isabel que tudo foi um malentendido. Ao sair da casa de Isabel, foi à de Luísa. A mesma situação repetiu-se. E, ao voltar paracasa, já tinha reconquistado as duas moças. Na verdade, ele não as amava. Mas casar-se-ia comuma delas, pois ambas eram bonitas. Quando resolvia casar com Isabel, ficava com pena de Luísae vice-versa. Porém, um dia, Luísa e sua mãe foram à casa de Isabel. Enquanto as senhorasconversavam, as duas jovens faziam a mesma coisa. Enquanto falavam de amores, Luísa olhava oálbum de Isabel. Estranhou aquela que sua foto não se encontrava mais em uma das páginas.Isabel tratou de explicar-lhe que, mesmo sem saber como, a foto estava em mãos de terceirapessoa, dizia ter recebido dela em uma madrugada.Luísa disse a Isabel que o mesmo havia acontecido com ela. Era alguém que queriazombar de ambas. Até que Isabel diz que Júlio Simões é seu namorado. Ambas julgaram-no umpatife e disseram que chagaram a sonhar com a situação descrita por Júlio. As duas mãesdescobrem que as filhas padeciam do mesmo mal: sonambulismo. Daí explicam-se as visitasnoturnas a Júlio. Sabendo que suas namoradas tinham consciência do ocorrido, resolveu não asencontrar juntas. No dia seguinte, foi ter com Isabel, e ela culpou Luísa pela situação. Júlio foiperdoado. Saindo da casa de uma, foi à casa da outra. Júlio disse a Luísa que Isabel fora aculpada e que ele não trocaria aque4a por esta. Júlio foi perdoado. Se uma delas tivesse umaperna torta ou um olho furado, a escolha seria fácil, mas ambas eram igualmente bonitas. Em trêsdias ele deveria fazer a escolha, mas antes disso ele foi surpreendido por uma carta de Fernando,que comunicava-lhe o casamento com a prima Isabel. Apesar do passo de Isabel simplificar aescolha, ele ficou aborrecido. Agora Isabel parecia mais bonita que a outra. Decidiu casar-se comLuísa, mas quando chegou à casa da jovem descobriu que ela iria se casar com o primo Teixeira.Assim Júlio prometeu nunca se casar, mas casou, teve 5 filhos e morreu.11— SilvestreArgumentoJosé 5. P. Vargas era um dos péssimos procuradores. Só achava coisas para os outros noforo. Casado e pai de 2 filhos. Silvestre era seu filho mais velho, 15 anos, melancólico, taciturno,muito amado pela mãe. A irmã, 12 anos, era viva, alegre, vendia saúde, enquanto Silvestre,parecia sofrer do físico ou da alma. A noite, Silvestre divertia-se olhando um livro, que compraraem algibebe com dinheiro dado pela mãe. Segundo a irmã, ele divertia-se olhando as figuras. Porum descuido, o livro foi esquecido sobre a mesa, e seu pai descobriu que o mesmo era demulheres nuas. Apesar de todas as lágrimas, o livro foi confiscado. José Vargas fez seu filhotrabalhar no cartório, a fim de que Silvestre se tomasse um escrivão juramentado, um escrivão outabelião. A dinastia dos Vargas manter-se-ia dentro do foro. Silvestre distraia-se no trabalho. Umdia, ao passar pela Academia de Belas-Artes, entrou para ver alguns quadros e percebeu que suavida era a pintura. Silvestre necessitava levar à luz dos homens uma Vênus que ele tinha nacabeça. O jovem pediu permissão aos pais para abandonar o cartório e entrar para a Academia deBela-Artes, mas foi-lhe negada. A desatenção no trabalho chegou a tal ponto, que um amigo do paide Silvestre quase perdeu o emprego. Ao relatar o dilema, pelo qual passava o filho, José Vargasrecebeu o apoio do Dr. Luís Borges, que se ofereceu para cuidar do jovem a fim de influenciá-lo aabandonar as idéias da arte.A mãe, a irmã e o próprio Silvestre choraram muito ao se despedirem, mas o pai julgavaque aquela atitude era a mais acertada pata o caso do menino. Assim, Silvestre foi para a casa deseu algoz, Dr. Luís Borges. Foi acomodado em um quarto no 20 andar, que possuía uma grandejanela para o mar. D. Camila, esposa de Dr. Borges, era uma jovem de 25 anos gentilíssima.Estranhou Silvestre que o seu tutor o incentivasse à carreira artística. Na verdade o Dr. LuísBorges era um homem sensível e amante da arte. Enfim, Silvestre conseguiu dedicar-se àquelaobra que esta pronta em seu pensamento, uma Vênus que precisava apenas de técnicas paratoma-se uma obra de arte.O trabalho e a família forma esquecidos. O tempo do menino pertencia à arte. Foi à casapaterna apenas duas vezes depois da mudança. A primeira porque a mãe e a irmã tinhamsaudade, e a segunda, pelo falecimento desta. Dedicou-se à sua obra e não permitia que ninguéma visse. D. Camila, que se tomara uma companhia agradável, pediu ao jovem para ser a primeirapessoa a contemplar-lhe a obra. Passado algum tempo D. Camila entra no quarto do menino, esteestava sentado na borda da janela. Então ela reconhece o próprio rosto no quadro, umaexuberante Vênus, nua. Primeiro ela fica maravilhada com a obra, depois inquieta, pois as pessoasperceberiam a semelhança entre a pintura e ela. Sem ecitar, Silvestre diz que não há necessidadede se preocupar, pois ele daria o quadro de presente para o marido dela. D. Camila pede que eleconfesse que ela fora a inspiração dele. Pergunta-lhe se ele casaria com ela. Silvestre não lheresponde e joga o corpo para trás, caindo pela janela. Silvestre morre, O. Camila enlouquece e ospais do jovem nunca encontraram o consolo. A culpada por tudo isso foi a arte.12—A PianistaArgumentoMalvina, uma jovem morena de 22 anos, era uma modesta professora de piano. Vivia comsua mãe, a viúva Teresa. Quando o pai de Malvina faleceu, deixou como herança apenas ahonradez de uma vida. Assim as duas mulheres viviam a sina das Danaides. Malvina sempre foraelogiada por sua educação refinada. A jovem provia o sustento da casa com as aulas queministrava. Entre suas alunas estava Elisa, a irmã de Tomás Gonçalves de Valença. A famíliaGonçalves de Valença vivia a tradição da fidalguia, o sr. Basílio, avô dos jovens, foi um dosprimeiros a entregar sua casa para a corte da Família Real. O pai dos jovens, sr. Tibério, seguia atradição da família, julgava que as pessoas pertenciam a classes diferentes e assim deveriampermanecer. Porém, o jovem Tomás apaixona-se por Malvina e, contra a vontade do pai, casa-secom ela. Tibério severamente pune o filho deserdando-a, pois julgava Malvina uma interesseira.Casados, Malvina e Tomás, viviam modestamente.No principio de 1851, Tibério Valença adoece, e seu filho vai ao encontro do pai, estenecessitava de muitos cuidados. Assim, Malvina ofereceu-se para ser a enfermeira do sogro. Apóso restabelecimento do sogro, ela volta para casa. Em um primeiro momento, Tibério demonstragratidão, mas depois volta a pensar que tudo era parte de um golpe de Malvina para conseguir asimpatia do sogro. No entanto, ele estava enganado. Após algum tempo ele resolve procurar o filhoe a nora. Descobre, então que havia se enganado a respeito dela. Esquece um pouco o filho e anora, pois Elisa regressava ao Rio de Janeiro, acompanhada pelo marido, um senador jovem erico. Tibério organiza uma festa para a filha, mas não estava feliz. Assim ele decide ir buscar o filhoe a nora e apresenta-os com arrependimento pois quisera excluir aqueles dois filhos do convíviofamiliar.13—O MacheteArgumentoInácio Ramas pertencia a uma família de músicos. Seu pai eraconcertista da capela imperial. Desde ceda Inácio manifestou sua vocaçãomusical, assim aprendeu a tocar rabeca, instrumento que rendia-lhe osustenta. Porém, seu instrumento do coração era o violoncelo, desde quevira o concerto de um músico alemão. Casou-se com a jovem Carlotinha,com quem teve um filho. A moça não entendia nada de música. Um dia elapede-lhe que toque alguma canção, pois nunca o vira em atividade. Ele tocauma canção que fez quando a mãe falecera, mas a esposa demonstra umentusiasmo falso. Apenas um amigo incentiva Inácio, dizendo-lhe quedeveria tocar em salões. Um dia 2 jovens que passavam pela casa do casal,escutaram a música de lnácio e romperam aplausos e felicitações ao artistadivino. Eram AmaraI e Barbosa, dois estudantes de Direito, em São Paulo.Os homens tomam-se conhecidos e, a partir dai, estabelecem uma relaçãode amizade. Amarei passa a ser um grande incentivador musical para lnácio.Barbosa mantinha-se mais distante, pois ele também era musico e apreciavaoutro instrumento, o machete. Um dia reuniram-se os dois músicos comseus instrumentos. lnácio e o violoncelo foram abalados pelo sucesso deBarbosa e de seu machete. Carlotinha, de índole mundana e jovial, nãodisfarçou o interesse pelo novo instrumento. Os estudantes, que estavam noperíodo de férias, retomaram a São Paulo. Depois de um tempo Barbosavoltou para fazer uma visita ao casal amigo. Depois foi a vez de Amaral nasférias seguintes. O rapaz encontrou o amigo, na sala do conceito, tocandocomo nunca seu violoncelo, aos pés de lnácio estava seu filho de meses,que, dominado pela música, via o pai tocar. Quando percebeu a presença doamigo, abraçou-o Barbosa percebeu a tristeza do amigo. lnácio tomou o filhonos braços e disse que o menino deveria aprender a tocar machete, pois eramelhor que o violoncelo. Conta, então, ao amigo que Carlotinha havia fugidocom Barbosa, pois preferia o machete ao violoncelo. A alma de lnáciochorava, mas seus olhos mantiveram-se secos. Enlouqueceu após umahora.14— Vidros QuebradosArgumentoVenâncio em uma conversa com amigos diz-lhes que os casamentos bons se organizamno céu e que os maus são obra do diabo. Nos tempo dos bailes do Campestre, Venâncio, com 22anos, apaixonou-se por Cecília, de 20 anos. Escreveu uma carta à mãe da moça, pedindo-lhepermissão para namorar a filha. Porém, a viúva negou, argumentando que Cecília era muito jovempara o casamento. Venâncio escreveu para a própria Cecília. A moça jurou que seria dele.Venâncio, com a ajuda de uma preta da casa, pulava o muro para ver Cecília, mas um dia um cãosoltou-se, e ele fugiu.O barulho acordou a viúva, que o viu pular o muro. Desconfiada, fez a escrava confessar ecastigou-a, deixando-a em sangue. Mandou chamar o filho que morava na Tijuca, José Soarescomandante do 60 batalhão da guarda nacional. Ele aconselhou a mãe a encontrar um maridopare Cecília. Com desculpa de passar 2 semanas na Tijuca, a mãe fez Cecília preparar-se pareuma viagem. No caminho, revelou à Cecília a verdade. A moça gritou, esbravejou, quebrou osvidros do carro, esmurrava-se, mas nada adiantou, pois, conforme a vontade da mãe, foi para oconvento. lnácio, desesperado, pensava em qualquer coisa para resgatar sua amada. No entanto,um desembargador amigo, Dr. João Regadas, orienta-lhe para agir de acordo com a justiça. Odesembargador recebe Cecília como hóspede em sua casa. A mãe da moça ficou furiosa e foibusca-la na casa do desembargador. A esposa deste sem saber o que dizer foi auxiliada pelosfilhos, ambos advogados, Alberto (casado havia dois meses) e Jaime (viúvo). Os irmãos tentaramconvencer a mãe da moça a aceitar a união entre os jovens, mas ela não fraquejou, manteve-secontra casamento. lnácio escreveu para seu pai pedindo-lhe a autorização para o casamento. Opai pediu-lhe que fosse a Santos vê-lo lnácio viajou, mas o casamento 1á tinha data marcada. Opai pediu que o filho adiasse o casamento por um mês. Venâncio escreveu para a corte e esperouas quatro semanas mais longas de sua vida. No dia de partir, houve um acidente com a mãe deVenâncio. Fato que o obrigou a esperar mais um mês até o reestabelecimento da mãe. Quando,enfim, chegou ao Rio de Janeiro, procurou ir ver a noiva. Contudo, Cecília não o recebeu, poisestava indisposta. Na segunda visita a moça demonstrava uma grande frieza. Venâncio escreveuuma carta à noiva perguntando-lhe se estava realmente doente ou se não desejava mais ocasamento. Na verdade, Cecília apaixonou-se por Jaime, e a recíproca era verdadeira. Iriam casarse.O que explicou a paixão fulminante foi um arranjo de Deus.15— Vênus! Divina Vênus!ArgumentoRicardo, um jovem de 20 anos, funcionário do arsenal da guerra, viviacom sua mãe, Mana dos Anjos. Ambos muito pobres. Ricardo era poeta. Suainspiração vinha de uma Vênus de gesso presa à parede. O ano era o de1859. Moravam no bairro dos Cajueiros. Em um domingo, a mãe ao sair decasa deixa sobre a mesa uma xícara de café para o filho. Ao retomar damissa percebeu que a xícara continuava sobre a mesa, o café estava frio.Ricardo não bebera o café, pois precisava terminar seus versos. Enquantoescrevia, pensava na jovem Marcela, moça rica, filha do Dr. Viana. O. Mariados Anjos pede ao filho que esqueça a jovem rica e pense na primaFelismina. Para Ricardo, não havia comparação. Enquanto Marcela era linda,Felismina tinha olhos de peixe podre, nariz comprido, ombros estreitos efalava como uma pessoa da roça. O rapaz jamais mostrou qualquer poesiadedicada a amada. Um dia tomou coragem. Havia uma festa na casa do Dr.Viana muitos convidados. Após desculpar-se e abandonar o jogo de solo,Ricardo foi à sala onde estava Marcela, esta tocava piano e eraacompanhada por um tenor, um jovem médico baiano. Com o término daapresentação, Marcela sentou-se entre duas amigas e perguntou a Ricardo:Pareço-lhe bonita?'. Ele preparava-se para responder "Sois o mais belo, omais puro, o mais adorável dos arcanjos, á soberana do meu coração e daminha vida', quando a jovem fez a mesma pergunta a Maciel, que lheresponde com a mesma pergunta. Ela sem constrangimento diz que ele seriaum belo noivo.Ricardo perdeu seu amor. Contudo passou a concentrar seus esforçosna jovem Virgínia, de 16 anos, filha de um tabelião. Porém, esta tambémpossuía outro pretendente, o bacharel Vieira. Ricardo teve duas decepçõesamorosas. D. Maria dos Anjos convida o filho para ir visitar a primaFelismina, lá estava o noivo da moça, um rapaz da estrada de ferro. Ricardocomeça a perceber a prima. Ela toma-se Vénus inspiradora. Felismina era arima de ouro pois rimava com divina e cristalina. "E tu, criança amada, tãodivinal não és cópia da Vênus celebrada. És antes seu modelo, Felismina."Ricardo faz a prima abandonar o noivo e casa-se com ela. E já com cincofilhos não escrevia mais poesias.16— A chinela Turca (Primeira Versão)ArgumentoEm 1850, o bacharel Duarte preparava-se para ir a uma festa no Rio Comprido, a soirée da viúvaMeneses. Ele queria encontrar a jovem Cecilia, moça de finos cabelos loiros e pensativos olhosazuis. Inesperadamente, ele recebe a visita de Lopo Alvos, um amigo da famitia, que já bnhadeixado a esposa e as filhas na festa da viúva. Foi a Catumbi, pedir a opinião do Duarte sobre umdrama que havia escrito, de cento e oitenta páginas. Duarte pensou em ouvir tudo semmanifestação alguma. Assim, o tempo passaria mais rápido. Duarte preocupava-se, pois comaquela leitura perderia a festa. Lopo Alvos continuava a ler o drama até que chegou a meia-noite eo major enfurecido levantou e foi embora. Duarte não entendeu o que havia desagradado aoamigo, mas achava que ele deveria ter ido embora antes. Um empregado anunciou outra visita.Era um homem baixo e gordo que dizia ser da polícia. Duarte foi, então, acusado de ter roubadoum par de chinelas turcas, ornadas por diamantes. Relutando, Duarte foi preso. Levaram-no paraum carro, que rapidamente abandonou sua casa. Quando o carro parou, Duarte foi vendado. Naverdade, aqueles homens não eram policiais. Ele tinha sido seqüestrado. Pensou que podia serobra de um rival ao coração de Cecília. Duarte foi levado para uma sala grande e luxuosa. Lá eleficou só por algum tempo. De repente uma porta abre-se, e entra um padre, que o cumprimenta.Depois um homem velho vai conversar com Duarte, diz-lhe que as chinelas turcas não foramroubadas e que eles não pertenciam à polícia. O velho manda buscar as chinelas que de tãopequenas, cabiam na palma da Mão. Não eram cravejadas de pedras preciosas, eram bordadascom um fio de ouro. O velho manda buscar a dona das chinelas, uma jovem loira,desgrenhadamente penteada. Então, ela foi apresentada a Duarte como sua noiva. Duarte disseque não quem casar. Porém o velho afirmou que Duarte faria três coisas: casaria, faria seutestamento e depois tomaria veneno, o passaporte do céu. A jovem desconhecida seria a herdeirauniversal do bacharel, este casaria obrigado por uma pistola que lhe era apontada. Com a ajuda dopadre, que na verdade, era um tenente do exército, Duarte conseguiu fugir. Foi perseguido poralgum tempo. Chegou a uma casa, que tinha a porta aberta. Entrou e deixou seu corpo cair emuma cadeira, diante de um homem que lia o Jornal do Comércio. Aos poucos as formas ficarammais nítidas. Duarte fitou os olhos no homem, era o major Lopo Alves, que terminava a leitura dodrama. Eram duas horas da manhã. Duarte despediu-se do amigo e jurou nunca mais assistiráleitura de melodramas.