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terça-feira, 2 de março de 2010
O Auto do Frade - João Cabral de Mello Neto
Postado por Marlon às 19:10
O
Auto do frade tem como assunto o dia da morte do rebelde frei Caneca,
um dos líderes da Confederação do Equador que já estava preso há mais
de um ano. Está sendo preparado o cortejo, a população já se acumula do
lado de fora da cadeia, enquanto isso o frei tenta dormir enquanto
aguarda seu enforcamento. Como o juiz não havia chegado ao Tribunal de
Justiça por causa de uma viagem de 3 meses o corregedor decide que o
Frei Caneca será enforcado em praça pública, após percorrer a cidade
com uma corda enrolada no pescoço. Assim, Frei Caneca é retirado da
prisão e muito fraco percorre as Ruas de Recife, várias pessoas o
seguem em pleno meio da rua, em cada esquina mais gente se aproxima. Em
todos os lugares existem espectadores ao acontecimento abrangendo até
mesmo o governador e toda a sociedade em geral. Frei Caneca chega a
dizer algumas palavras, mas é obrigado a calar-se e até os gestos lhe
são proibidos. Seu comportamento podia representar grande perigo aos
oficiais que pregam ser ele um homem condenado à morte por trair o Rei
e pretender o separatismo com a Confederação do Equador. Lentamente o
cortejo vai levando o Frei que anda calado e sereno. Ao chegar à Igreja
do Terço, Frei Caneca é colocado no centro de um círculo formando de
policiais, com intuito de ninguém tentar soltá-lo ou se rebelar. Nesse
evento Frei Caneca é entregue ao oficial enviado pela Comissão do
imperador que o condenou à morte. O Frei solenemente anda no interior
de um círculo de policias. Ao chegar na Praça do Forte, onde será
executada a sentença de réu, o carrasco designado para matar o padre
recua, temendo a ação sobre ele de alguma força superior. Então todos
os carrascos se recusam a enforcar o padre, alegando que ele foi visto
"voando no céu". Mesmo espancados resistem a enforcá-lo. O Oficial de
Justiça oferece perdão dos crimes aos presos, comida farta, emprego,
cama e mesa a quem fosse voluntário para a execução. Contudo ninguém se
disponibiliza, nem mesmos os presos que queriam liberdade. Ocorre então
que após algumas horas de espera, decide-se formar um pelotão de doze
homens para o fuzilarem, pois nenhum destes ousaria fazê-lo sozinho.
Assim Frei Caneca é morto fuzilado.